ECONOMIA

Gás Natural: Araripe e Trindade dão continuidade ao projeto de expansão do gás natural para o Polo Gesseiro

O projeto foi anunciado pela governadora Raquel Lyra e pelo presidente da Copergás, Felipe Valença, no início de fevereiro

Publicado em: 14/03/2024 19:06 | Atualizado em: 14/03/2024 19:13

A Copergás planeja realizar o primeiro teste prático com uma empresa do Polo do Gesso em abril (Foto: Divulgação)
A Copergás planeja realizar o primeiro teste prático com uma empresa do Polo do Gesso em abril (Foto: Divulgação)
A Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) realizou visitas técnicas em possíves áreas para instalação de usinas de regaseificação nos municípios de Araripe e Trindade. A Copergás já começou a receber as cartas de intenção de algumas empresas do Polo Gesseiro do Araripe interessadas em fazer a transição energética das indústrias do setor da biomassa para o gás natural.
 
Com o objetivo de conhecer as necessidades técnicas das cidades, as visitas também foram realizadas para viabilizar a cooperação da Fiepe na capacitação de mão-de-obra. “Isso demonstra o interesse e a confiança dos empresários do setor do gesso no projeto desenvolvido pela Copergás, antes mesmo do projeto piloto entrar em funcionamento. Queremos contribuir com a melhoria da indústria do gesso no país, oferecendo uma produção mais sustentável”, afirma o diretor-presidente da Copergás, Felipe Valença. 
 
O presidente do Sindicato das Industrias do Gesso de Pernambuco  (Sindusgesso), Jefferson Duarte espera que no futuro todas as empresas possam aderir ao consumo do gás. "Se todas empresas mudarem para o gás, a fonte de energia vai ser uma só. Então a competitividade vai se equiparar no setor. O principal ponto é que a gente vai deixar de desmatar a nossa lenha nativa, então vai ser um gesso ecologicamente correto", destaca.
 
Além disso, Jefferson Duarte também pontuou sobre a possibilidade dessa transição baratear o custo do produto para os produtores do gesso. "O benefício que estão trazendo também com a isenção do ICMS, existe a possibilidade de que o gás chegue mais barato que a lenha. Além disso, o raio que nós estamos buscamos a lenha hoje é de 600 km, antes a distância era de 30 km ou 20 km. Então está se tornando inviável para a gente", finaliza.
 
O diretor técnico da Companhia, Roberto Zanella, visitou as prefeituras de Trindade e Araripina, além de empresas do setor, Sindugesso e Fiepe para viabilizar a conversão do abastecimento dos fornos. As duas prefeituras apresentaram os locais onde podem ser construídas as usinas de regaseificação para abastecer as indústrias. A meta da Copergás é instalar duas usinas na região.
 
“Encontramos áreas que podem atender à nossa demanda, que serão avaliadas por engenheiros, para estudar a viabilidade de instalação das usinas. A partir da escolha dos locais, podemos dar início ao projeto executivo e a solicitar licenças aos órgãos competentes de cada setor”, explica Roberto Zanella, diretor-técnico da Copergás.
 
A Copergás planeja realizar o primeiro teste prático com uma empresa do Polo do Gesso em abril. A SM Gesso, localizada em Trindade, será a empresa que fará parte do projeto piloto. A previsão é que outros encontros técnicos com empresários do setor sejam realizados para explicações sobre como será implantada a conversão dos fornos para o uso do gás natural. 
 
Roberto Zanella reuniu-se, no escritório regional da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), com o coordenador de operações da Fiepe em Araripina, Hélio Rocha. A entidade vai cooperar com a implementação do projeto do gás natural na região, principalmente com a formação de mão-de-obra qualificada para atender à nova demanda. 
 
“A escola do Senai na região poderá ofertar cursos que formem profissionais capacitados para lidar com a mudança da matriz energética, principalmente cursos voltados as áreas de manutenção, segurança e ambiental”, afirmou Hélio Rocha. Ele ressaltou, ainda, que os cursos contarão com a parceria de outras unidades do Senai no Brasil, pois como se trata de uma nova demanda, a expertise dos cursos oferecidos no Araripe ainda não contempla o uso do gás natural. “Como atuamos em rede com todo o Brasil, não haverá problemas com a formação de profissionais, que poderão se tornar multiplicadores”, acrescentou. 

Histórico 
 
A Copergás já realizou a 4ª visita ao Polo Gesseiro do Araripe. Os trabalhos começaram em setembro de 2023, com a participação de representantes da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), Suape, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco (SECTI) e Fiepe. Em outubro de 2023, foi feita a segunda visita, ampliando o número de parceiros para CPRH, Secretarias Estaduais da Fazenda, de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, de Desenvolvimento Econômico e Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab). Para incentivar as empresas a adotarem a mudança, o Governo do Estado zerou, no final do ano, o ICMS do gás que será vendido para as indústrias do gesso. 

O projeto

Com um investimento inicial na ordem de R$ 6 milhões, a Copergás passará a abastecer o Polo Gesseiro do Araripe, proporcionando sustentabilidade à produção. O projeto piloto tem previsão de início em abril. As empresas dos seis municípios que compõem o Polo usam a biomassa, principalmente a lenha, matriz energética em escassez e que resulta no desmatamento da Caatinga. Ao adotar o gás natural, a indústria local se tornará mais sustentável ambientalmente, com uma combustão mais limpa.
 
A expectativa é que ao menos 50 empresas adotem a mudança energética para o gás natural. Isso que representa R$ 20 milhões na economia por ano, apenas nessas empresas. A região tem capacidade para consumir cerca de 320 mil metros cúbicos de gás natural por dia, o que equivale a 20% do volume distribuído hoje pela Copergás e superior a outras distribuidoras de gás natural. 
 
O Polo Gesseiro do Araripe é responsável por 97% de todo o gesso produzido no Brasil e a gipsita (matéria-prima do gesso) encontrada nos municípios de Araripina, Bodocó, Exu, Ipubi, Santa Filomena e Trindade, é considerada de alta qualidade, com a pureza do minério variando entre 88% e 98%.

Em reunião com Alckmin, Augusto Coutinho destaca crise na produção de gipsita

O deputado federal Augusto Coutinho (Republicanos/PE) participou de reunião da Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara, com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, em Brasília. No encontro, Coutinho voltou a fazer o alerta sobre a necessidade de medidas voltadas à proteção do polo produtor de gipsita, no Sertão do Araripe, diante da concorrência desleal causada pela importação da gipsita espanhola.
 
Augusto Coutinho também ressaltou a importância do polo para o desenvolvimento regional quando o Governo Federal busca políticas para frear a desindustrialização no País. "A região do Araripe responde por 90% da produção de gipsita no Brasil, mas vem sofrendo com a falta de infraestrutura para escoamento, além de fatores fiscais que deixam o produto estrangeiro em vantagem. Isso não pode continuar, pois o Polo Gesseiro reúne 700 empresas e 15 mil empregos", frisou o deputado. 

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