
/Arte: Thiago Fagundes/CB/D.A Press
O percentual de endividados em Pernambuco voltou a subir em outubro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). A porcentagem de famílias endividadas atingiu os 76,1%, frente a 75,7% do mês de setembro. A variação já era esperada, visto que o último trimestre do ano favorece um maior nível de endividamento, com a injeção de recursos e datas comemorativas fortes.
O Dia das Crianças, data comemorativa importante do calendário do varejo nacional e estadual, contribuiu para a elevação do consumo e consequentemente do endividamento. A data carrega um forte apelo emocional, em especial durante um período de isolamento e restrições, fomentando o consumo de itens mais individuais, como brinquedos e aparelhos eletrônicos, no lugar de comemorações mais sociais, como ida aos parques, praias, cinemas.
Houve ainda a redução no valor do auxílio emergencial em 50%, aumentando a restrição orçamentária das famílias e incentivando o consumo via crédito. O programa injetou mais de R$ 10,7 bilhões na economia pernambucana entre abril e outubro de 2020. Isso possibilitou a manutenção do consumo das famílias, além de reduzir o peso da inadimplência, com parte do valor sendo direcionado ao pagamento de dívidas.
Mercado de trabalho
O mercado de trabalho também apresentou melhora nos últimos meses, saindo de um saldo negativo de aproximadamente 60 mil em maio, para 29 mil em setembro. Esse movimento faz com que a renda perdida nos cortes de empregos com carteira assinada seja amenizada, devolvendo a confiança para essas pessoas que voltam a trabalhar.
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Outro ponto ligado aos empregos é a oferta maior de vagas no segundo semestre, com safra da indústria de açúcar, da criação de vagas temporárias no comércio, além de postos de trabalho gerados também nos serviços e na indústria. Essa maior oferta de emprego cria um ambiente mais positivo para que as famílias voltem a consumir, também contribuindo para o aumento no número de endividados.
Embora considere a taxa de endividamento alta no estado, o economista Rafael Ramos, da Fecomércio-PE, ressalta uma melhora dos números em relação ao mesmo período do ano passado. Os fatores que contribuíram para a melhora foram o recebimento do auxílio emergencial e as campanhas de refinanciamento das dívidas realizadas pelas financeiras. “As famílias viram as renegociações, com descontos, como uma oportunidade de regularizar os débitos”, pontuou.
O percentual de 76,1% equivale a 392.034 famílias endividadas, alta de 2.172 lares em um mês. Já em relação ao mesmo período de 2019, houve uma alta de 26.903 famílias. As famílias que possuem contas em atraso atingiram os 29,8%, queda em relação a setembro e a outubro do ano anterior, que registraram percentual de 30,4% e 31,8%, respectivamente. Atualmente, no estado, 153.442 famílias estão com alguma conta em atraso.
Já a parcela da população com a situação mais crítica, isto é, aquelas que informam não ter mais condições de pagar as suas dívidas, é de 13,4%, o que corresponde a 69.156 mil famílias inadimplentes. Esse grupo apresentou aumento no número de famílias em relação ao mês anterior, com alta mensal de 2.124 lares. Já na comparação anual, o percentual de famílias inadimplentes caiu e teve decréscimo de 4.625 lares.

