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DÍVIDAS

Endividamento dos pernambucanos recua em julho

Publicado em: 04/08/2020 17:38

 Houve recuo de 1,3% em relação ao mês anterior. (Foto: Arquivo Agência Brasil)
Houve recuo de 1,3% em relação ao mês anterior. (Foto: Arquivo Agência Brasil)
Menos endividados em Pernambuco durante o mês de julho com recuo de 1,3% em relação ao mês anterior. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), o estado movimenta-se na direção oposta à do país. Mesmo assim, ainda é a maior taxa (73,9%) para os meses de julho desde 2011, quando o resultado atingiu 81,3%. De acordo com especialistas, a redução do percentual deveu-se muito à utilização das verbas indenizatórias das demissões para as quitações de débito. Para o mês de agosto, entretanto, a perspectiva é que o Dia dos Pais volte a alavancar as taxas de endividamento. 

O percentual de famílias endividadas em julho atingiu os 73,9%, recuando em relação a junho, que estava em 75,2%. Isto equivale a 379.737 famílias endividadas. De acordo com especialistas, o motivo pode ter sido a utilização de verbas indenizatórias (dado o grande quantitativo de demissões) para quitação de débitos. A melhor decisão a se tomar em tempos de pandemia? De acordo com o economista da Fecomércio, Rafael Ramos, depende do endividamento da família. Se houver algumas contas em atraso, o ideal é quitar para que haja a possibilidade do uso de crédito, no futuro, e para não ter problemas com CPF. “Já uma família que não tem condições de arcar com estas dívidas, se ganha um recurso, precisa direcioná-lo à essencialidade visto que mesmo que se negocie a dívida pode acontecer de só ser possível honrar as primeiras parcelas e haver inadimplência novamente”, explica.

Dentre os endividados, há duas categorias: os que possuem contas em atraso e os que já informaram não ter condições de sanar suas dívidas. No primeiro grupo, os percentuais estão em 30,4%, havendo queda em relação a junho (31,4%) e crescimento quando comparado a julho do ano anterior (28,9%). Atualmente, no estado, 156.080 famílias estão neste contexto. Já para a parcela da população com a situação mais crítica, o percentual é de 12%, o que representa queda em relação aos meses de junho (14,5%) e maio (15,8%). São, no total, 61.790 mil famílias inadimplentes. Em junho eram 74.321 e em maio 81.365. 

A explicação para a queda, no caso das famílias com renda inferior a 10 salários mínimos, é a facilidade de renegociação das dívidas criadas pelas instituições financeiras durante a pandemia. As que possuem renda superior a este valor têm optado por pagar as dívidas ao receber os direitos. “No caso dos mais pobres, há o fenômeno dos credores – como bancos ou lojas com cartão próprio - colocarem mais facilidade de negociação. Já os mais abastados preferem acelerar a quitação para poder ter renda a fim de investir em saúde, por exemplo, posteriormente”, afirma.
 
Quando se analisa o resultado por tipo de dívida, mais uma vez o cartão de crédito continua sendo o campeão do ranking (92,8% contra 92,2% de junho). A novidade é o aumento do endividamento com carnês, chegando a 23,3% em julho contra 16,5% de junho e 15,5% de maio. “A dívida com o cartão reflete a má educação financeira de quem o utiliza como extensão de renda, o empresta, possui mais de um ou não controla vencimento, utilizando-o para manter mesmo nível de consumo, mesmo perdendo renda. Sobre o aumento do uso dos carnês, há fatores como a reabertura das lojas e a maior rigidez das financeiras na aprovação do cartão. Então, as pessoas migram para outras linhas, mesmo com crédito mais caro, para financiar seu consumo”, detalha.  A maioria das famílias endividadas informam também que as dívidas comprometem entre 11% e 50% da sua renda. 
 
Para agosto, a expetativa é de retorno da elevação no endividamento, devido ao dia dos pais. Pesquisa recente do Instituto Fecomercio, por exemplo, realizada com 1.152 consumidores, aponta uma alta na intenção de comemoração. “Ainda é uma data importante e a será a primeira após a reabertura do comércio e da redução do isolamento social. Muita gente, inclusive que não vê os pais há algum tempo, está com intenção de comemorar e esta conjuntura pode fazer com que muita gente volte a se endividar”, finaliza.
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