Indicador em relação à perspectiva profissional caiu 24,4% na variação mensal./Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

A confiança do consumidor pernambucano seguiu em tendência de queda em junho, atingindo 59,1 pontos. Em maio, índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) Pernambucanas havia sido de 71,6, tendo uma queda de 17,5% na variação mensal. Já a pontuação em junho de 2019 foi de 78,6%, representando um recuo de 24,8% no comparativo anual. Esses foram as maiores retrações da série histórica, iniciada em 2010. Além disso, a intenção continua na zona de avaliação negativa, quando está abaixo dos 100 pontos, desde agosto de 2015. O índice serve para medir a avaliação que os consumidores do estado têm sobre aspectos da condição de consumo, como a sua capacidade de consumo, atual e de curto prazo, nível de renda doméstico, segurança no emprego e qualidade de consumo, presente e futuro.
A sequência na zona negativa se dá pela lenta recuperação do poder de compras dos pernambucanos, afetados pela lenta geração de empregos no mercado de trabalho. No primeiro trimestre deste ano, o estado teve 14,5% de taxa de desocupação, segundo a Pnad Contínua. Além disso, as políticas de incentivo ao consumo, como as liberações do FGTS inativo, PIS e FGTS ativo não levaram a intenção de consumo de volta a patamares positivos.
A atual situação, com a instabilidade econômica gerada pela pandemia do coronavírus, levou a uma maior restrição de renda, seja pela queda no faturamento dos negócios, com o fechamento de grande parte do comércio, redução de jornada de trabalho e demissões. A atmosfera mais conservadora também fez com que as pessoas menos afetadas pela atual conjuntura reduzissem o nível de consumo, direcionando as compras para bens essenciais.
Levando em consideração a classe de renda, tanto os que possuem renda abaixo e acima de 10 salários mostraram queda no nível de consumo. Os de menor rendimento tiveram pontuação de 57 pontos, enquanto a de maior patamar salarial fechou o mês com 81,2 pontos, entrando pela primeira vez na zona de avaliação negativa.
Já na análise por indicadores, os maiores recuos foram nas avaliação em relação à "Momento para Duráveis" e "Perspectiva profissional", na variação mensal, com quedas de 29,6% e 24,4%, respectivamente. O primeiro reflete o momento mais conservador, que evita gastos mais altos, e o segundo reflete a piora na sensação de segurança dos que continuam empregados. Os demais indicadores como "Emprego atual" (-10,4%), "Renda atual" (-17%), "Compra a prazo" (-7,7%), "Nível de consumo atual" (-21,2%) e "Perspectivas de consumo" (-20%) também mostraram recuos significativos.
Para julho, a expectativa é que a intenção de consumo sofra um movimento de queda menos intenso, já que foi iniciado o plano de retomada das atividades econômicas não essenciais, dando possibilidade para que parte da população que não utilizou os canais digitais para compras volte a consumir.