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Economia
MANOBRA

Brasil desiste de candidatura ao BID e apoiará Estados Unidos

Publicado: 17/06/2020 às 17:48

Governo brasileiro foi surpreendido com candidatura americana ao BID/Foto: Jim Watson/AFP

Governo brasileiro foi surpreendido com candidatura americana ao BID/Foto: Jim Watson/AFP

O Brasil desistiu de lançar candidatura própria e resolveu apoiar o candidato do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, para a presidência Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O movimento já era esperado, uma vez que a ordem no governo brasileiro é não disputar com os EUA. 

A manobra dos Estados Unidos, que anunciou o advogado Mauricio Claver-Carone como candidato ao DIB nessa terça-feira (16), pegou o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Jair Bolsonaro de surpresa. Enquanto isso, o Itamaraty preparava nota endossando à candidatura norte-americana. Embora o texto não fale diretamente em apoio imediato, o governo brasileiro diz que "recebeu positivamente o anúncio firme" dos EUA. 

"O Brasil e os Estados Unidos compartilham valores fundamentais, como a defesa da democracia, a liberdade econômica e o Estado de Direito. O Brasil defende uma nova gestão do BID condizente com esses valores e com o objetivo maior de promoção do desenvolvimento e da prosperidade na região", diz o documento divulgado nesta quarta-feira (17) pelo Ministério das Relações Exeteriores.

Colombia e Guatemala também saíram em apoio à canditadura norte-americana. O movimento pode quebrar uma tradição de 60 anos, em que o comando do banco fica nas mãos de um latino-americano. Atualmente, o posto é ocupado pelo colombiano Luis Alberto Moreno. 

Acreditando que a boa relação com Trump faria os Estados Unidos apoiarem o candidato brasileiro, Bolsonaro e Guedes articulavam a candidatura de Rodrigo Xavier, ex-presidente do UBS e do Bank of America no Brasil, que chegou a ser lançado publicamente ao cargo. A campanha, no entanto, ainda se dava de maneira informal, uma vez que o nome de Xavier nunca fora oficializado. Sendo assim, o governo afirmou que não anuniaria a desistência de se lançar ao BID. 

Considerado pouco experiente e competitivo, Xavier era visto como um candidato pouco viável pelo governo norte-americano. Além disso, os EUA pretendem ter uma maior influência sobre uma região que sua principal rival econômica, a China, tem avançado recentemente.

A eleição para presidente do BID ocorre de cinco em cinco anos. feita pela assembleia de governadores da instituição. Os EUA têm 30% dos votos, enquanto o Brasil tem 11%, o segundo maior participante, ao lado da Argentina, também com 11%. Para vencer, é preciso alcançar a maioria dos votos e ter 15 dos 26 apoios regionais. 


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