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Primeiro mês díficil para indústria de Pernambuco

Publicado: 24/04/2020 às 08:00

Construção civil está entre os setores mais afetados por conta da paralisação das obras./Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Construção civil está entre os setores mais afetados por conta da paralisação das obras./Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Construção civil está entre os setores mais afetados por conta da paralisação das obras. O primeiro mês da adoção das medidas mais severas em Pernambuco para tentar conter a disseminação do coronavírus, como a suspensão das atividade do comércio considerado não essencial e das obras de construção que não sejam públicas, já afetou negativamente a indústria do estado. Segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), 61% das indústrias locais pesquisadas sentiram uma queda de mais de 50% no faturamento, sendo que para 38% do total o recuo foi superior a 75%. Porém, os impactos ainda foram revertidos em demissões, já que 33% das empresas fizeram desligamentos por conta da pandemia. No entanto, as perspectivas para o futuro próximo não são positivas, caso o cenário continue o mesmo. Apenas 15% das 199 indústrias pesquisadas não sentiram os efeitos negativos da pandemia, que basicamente são as consideradas essenciais, como a de alimentos. Por outro lado, alguns setores já vêem os resultados negativos. Entre os mais afetados estão o da construção civil, confecção e têxtil, gesso, cerâmica vermelha, indústria moveleira, metalmecânico, além das cervejas artesanais dentro de bebidas. "Esses setores já começaram a sofrer desde a proibição. A construção, por exemplo, não tem como rodar com a suspensão das obras e a cadeia toda sente porque ninguém constrói ou reforma, então pega ainda gesso e outras indústrias. Outro exemplo é a têxtil, que não tem como escoar a produção porque os shoppings estão fechados, as lojas também, além das feiras da sulanca e do Moda Center", explica Maurício Laranjeira, gerente de Relações Industriais da Fiepe. Apesar dos impactos já sentidos, os efeitos não são proporcionais quando o assunto são as demissões. Das empresas, 33% registraram desligamentos por conta da pandemia. A adoção foi maior nas que sofreram quedas mais significativas no faturamento, já que 49% das que demitiram tiveram recuo de 75% do movimento financeiro. O índice cai para 36% entre as que faturaram entre 51% e 75%. O setor que mais demitiu foi o da construção civil, somando 129 dos 955 desligamentos, um volume de 13% do total. "As empresas estão segurando, elas sabem da importância de segurar os funcionários para, quando a economia voltar, estarem ajustados e com mão de obra qualificada. Além disso, demitir custa caro. Então muitas deram férias coletivas. A questão é que não se sabe ainda quanto esse cenário vai durar, as férias vão acabar e vai chegar um momento que as empresas que tiveram uma queda grande do faturamento não vai ter mais caixa para segurar", ressalta Maurício Laranjeira. Já a redução de salário e da jornada, que está dentro das propostas da MP 936/2020 do governo federal, foi uma alternativa adotada por 31% das empresas, enquanto a suspensão dos contratos foi realizada por 27% das indústrias. A maior parte, 48%, optou pela suspensão por 60 dias. "Existe primeiro uma negociação para manter os empregos. E, nesta questão, algumas empresas ficam com receio com a questão da estabilidade depois da suspensão. Como tem uma incerteza de cenário, vai chegar uma hora que essas medidas propostas pelos governos vão precisar ser aprofundadas. A depender de como forem as próximas semanas, mais medidas serão necessárias", conclui o gerente da Fiepe.
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