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CRISE

Centrais sindicais criticam medidas econômicas do governo federal para crise da Covid-19

Publicado em: 20/03/2020 17:47

Empresas poderão cortar até pela metade os salários de trabalhadores sob CLT  (Foto: Marcello Casal Jr. / Arquivo / Agência Brasil)
Empresas poderão cortar até pela metade os salários de trabalhadores sob CLT (Foto: Marcello Casal Jr. / Arquivo / Agência Brasil)
Nesta sexta-feira (20), representantes de cinco centrais sindicais publicaram uma nota chamando de “vampirescas” as medidas anunciadas pelo governo federal para a crise do coronavírus.  Na quarta (18), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que os donos de empresas poderão cortar os salários de funcionários do regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em quarentena até pela metade. A permissão é válida até o dia 31 de dezembro de 2020. A prorrogação do prazo depende de aprovação do Congresso Nacional. 

O governo chamou as medidas de pacote “anti desemprego”. Para os representantes das centrais sindicais, a decisão colocaria o prejuízo econômico para ser pago pelos trabalhadores. “Devemos manter diálogo social permanente e estruturado, em todos os níveis, para acordar medidas, orientar atitudes e ações e propor iniciativas. É hora de proteger as pessoas e de valorizar as instituições”, diz a nota. 

Leia a nota na íntegra
 
A crise de saúde, e seus múltiplos impactos sobre a sociedade e a economia, será muito severa, exigindo determinação, ousadia e criatividade para resistir, enfrentar e superar enormes desafios, muitos dos quais ainda desconhecidos.

A solidariedade é um fundamento essencial a ser promovido, o diálogo social um instrumento poderoso a ser largamente utilizado e a cooperação institucional uma força a ser mobilizada.

Medidas unilaterais, como as propostas pelo governo, empresas e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que protegem os empresários, mas que, em contrapartida, oneram os trabalhadores e a sociedade, não ajudarão o Brasil a superar a crise imposta pela propagação do coronavírus.

Propor, como solução, a redução ou suspensão do salário do trabalhador ou a demissão é uma atitude, e não há forma amena de descrevê-la, vampiresca. Qual a justificativa de o trabalhador, já depreciado desde a reforma trabalhista, pagar por uma crise sanitária global? Nenhuma!

Em um momento como este, inesperado e avassalador, fica clara a deficiência de um modelo que propõe o mercado como regulador absoluto. Se o Estado não assumir seu papel - como deve assumir sempre, mesmo em momentos de normalidade, promovendo a justiça social - o país será assolado por uma situação de calamidade. Em bom português será um "salve-se quem puder".

Por isso, as Centrais Sindicais e suas entidades sindicais de base estão mobilizadas para, na travessia dessa grave tormenta, tomar as inciativas necessárias que protejam a saúde e a vida das pessoas, que assegurem os empregos dos trabalhadores, que viabilizem a renda das famílias, que gerem capacidade financeiras para micro, pequenas, médias e grandes empresas resistirem à brutal queda da atividade econômica.

Devemos manter diálogo social permanente e estruturado, em todos os níveis, para acordar medidas, orientar atitudes e ações e propor inciativas.
É hora de proteger as pessoas e de valorizar as instituições.

É hora de ter foco, resistir e superar a crise.
Se formos capazes de fazer isso juntos, resistir e superar a emergência sanitária, com certeza reuniremos capacidade para, esperamos que em breve, construir as medidas para a retomada da atividade econômica. Estamos certos de que, com isso, reuniremos condições políticas para avançar em propostas e diálogos que o país precisa para promover o desenvolvimento econômico e social que a toda a sociedade brasileira precisa e merece.

São Paulo, 20 de março de 2020

Sérgio Nobre - Presidente da CUT - Central Única dos Trabalhadores
Miguel Torres - Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah- Presidente da UGT - União Geral dos Trabalhadores
Adilson Araújo - Presidente da CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
José Calixto Ramos - Presidente da NCST - Nova Central Sindical de Trabalhadores
Antonio Neto - Presidente da CSB - Central dos Sindicatos Brasileiros

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