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ALIMENTAÇÃO

Bares e restaurantes apenas em sistema de delivery e take away

Publicado em: 20/03/2020 07:00

O chef Rivandro França, do Cozinhando Escondidinho, não trabalhava com delivery, até então. (Foto: Maria Eduarda Bione/Esp.DP/D.A Press
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O chef Rivandro França, do Cozinhando Escondidinho, não trabalhava com delivery, até então. (Foto: Maria Eduarda Bione/Esp.DP/D.A Press )
Dentre as novas medidas anunciadas pelo governador Paulo Câmara, na tarde de ontem, para conter o avanço do coronavírus no estado, estão a do fechamento de bares, restaurantes, lanchonetes e comércio de praia, a partir do próximo sábado (21). A partir desta data, a entrega da alimentação aos consumidores só pode ocorrer via entregas a domicílio e esquema take away, quando só se retira o pedido, sem contato físico ou consumo local. Quem descumprir a nova medida está sujeito a pena de detenção de um mês a um ano. Para representantes do segmento e empresários, a medida já era esperada e trará inevitáveis impactos para o setor.

Somente a Abrasel PE (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) conta com 7 mil estabelecimentos cadastrados e cerca de 150 mil profissionais. André Luiz, presidente da instituição, relata que este momento de readequação chegou quando o segmento ainda estava em recuperação de uma crise econômica que o atingiu profundamente. “É, portanto, um quadro bastante difícil para o setor, como um todo”, conta. Ele diz que mesmo com a crescente demanda do modelo de operação de entrega a domicílio, pesquisa do Sebrae aponta que apenas 50% dos estabelecimentos trabalha com esta modalidade, atualmente. Adianta que o setor de alimentação está preparado para a adaptação, mas afirma que é preciso ter cuidado com este transporte.  “Muitas vezes, pessoas sem licença sanitária podem inscrever-se em um aplicativo e fazer a entrega. Então, é importante que haja este controle, principalmente agora. É preciso haver uma certificação para que alimento chegue com segurança ao consumidor”, afirma.

Outra solicitação é relativa à encargos financeiros, junto ao estado e União como diferimento de impostos para o setor. “Existem compromissos fiscais a vencer. Queremos adiamento ou suspensão de alguns deles durante este período e o governo federal já acenou com medidas provisórias.  Queremos, ainda, verba para bancar seguro desemprego e colocar trabalhadores de férias ou suspender contratos de trabalho por 90 dias. Lembrando que, com o retorno da normalidade, estas pessoas serão reintegradas aos quadros”, detalha.

Sobre estoque de alimentos e higienização dos mesmos, André afirma que as pessoas podem ficar tranquilas. “Nossos associados estão preparados para enfrentar este tipo de situação porque é nosso dia a dia evitar contaminação bacteriana. Além disso, o fornecimento está garantido. O secretário da agricultura, Dílson Peixoto, já avisou que a produção de grãos, arroz, e feijão está altíssima no estado e estamos bem abastecidos de proteína pelo mercado atacadista”, conclui.

Como os empresários estão se adaptando

Dentre os vários estabelecimentos de Pernambuco, a maioria procura adaptar-se às modificações na rotina, enquanto outros optaram pelo fechamento temporário do espaço. Rivandro França, do Cozinhando Escondidinho, em Casa Amarela, não trabalhava com entrega a domicílio. Começou há dois dias e afirma que já teve uma venda significativa. Acredita, entretanto, que haverá impactos financeiros já que, em casa e em família, as pessoas terão mais tempo e menos dinheiro, optando por cozinhar. Não acredita, entretanto, que haverá demissões. “Minha equipe já é enxuta, então não vou precisar demitir, mas me adaptar, sempre deixando o fluxo de caixa aberto a todos, de forma bem transparente”, relata, destacando, ainda, a necessidade de primar pela segurança dos funcionários. “É uma situação nova que, assim como a doença, pegou todos sem treinamento, mas estarei ainda mais atento ao ir e vir dos meus funcionários”, afirma.

Com uma equipe mais robusta, Leonardo Lamartine é o empresário à frente das lojas Bonaparte Donatário Co.wok, Monalisa e Capilé, distribuídas em cidades como Petrolina, Caruaru, Cabo, Olinda e Recife. Atualmente, apenas entre 15% e 25% das vendas são por entrega a domicílio. Ele afirma que, embora a medida já fosse aguardada, em virtude do que aconteceu em outros estados, não há como evitar os impactos. “Não só para nós, mas para todo o comércio. Afinal, estaremos atuando em regime de caixa zero, sem faturar. Esperamos que o governo determine uma forma de fazermos interrupções nos contratos de trabalho o que não significaria, formalmente, um desemprego, mas uma suspensão. Desta forma, fica mais fácil enfrentar esse período que pode impactar no caixa para honrar a folha de pagamento”, afirma.

Outros empresários, por sua vez, optaram pelo fechamento temporário do estabelecimento. É o caso de Biba Fernandes, dos restaurantes Chiwake e Chicama. Conta que havia decidido trabalhar com 50% do quadro de funcionários em regime de delivery, mas que mudou de ideia diante do agravamento do quadro. “Se o problema todo é circulação, o ideal é que nossos colaboradores também fiquem em casa. É a atitude mais sensata, pois estamos lutando contra algo que não enxergamos e que se prolifera muito rápido. É o mínimo a fazer. É difícil, doloroso, praticamente não dormimos para tomar esta decisão, mas as pessoas precisam entender que o remédio para ela é ficar em casa. Estamos fazendo a nossa parte”, afirma.

 
Cuidados no delivery –

*Para o estabelecimento:

- Disponibilizar álcool em gel 70% para os entregadores, em embalagens que sejam

fáceis de carregar.

- Combinar com o cliente o pagamento online, se possível. Levar o troco em um saquinho. Maquininhas podem ser envelopadas com filme plástico a cada uso.

 
*Para os entregadores:

 
- O box deve ser higienizado com detergente neutro e álcool 70% ou com solução clorada (composição: 1 colher de água sanitária para cada litro de água).

- Higienizar as mãos antes de pegar a embalagem do produto.

- Não colocar o box diretamente em cima do chão na hora da entrega.

- Na entrega, tocar a campainha e se afastar, um metro, do cliente. Evitar aperto de mãos ou contato físico.

- Ao cobrar com a maquininha, colocar cima do box e higienizar as mãos depois. Para fazer outra entrega, higienizar novamente.

- Ao retornar para o estabelecimento, fazer higienização do box por dentro. No fim da jornada, higienizar por dentro e por fora.

- Manter a moto (ou bicicleta) sempre limpos e higienizados.

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