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Banco Central gastou US$ 15,2 bi em março para tentar segurar o dólar

Publicado em: 15/03/2020 11:05


Insegurança sobre a economia devido aos impactos da Covid-19 por todo o mundo leva Banco Central a injetar bilhões no mercado de câmbio (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.)
Insegurança sobre a economia devido aos impactos da Covid-19 por todo o mundo leva Banco Central a injetar bilhões no mercado de câmbio (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.)
Para tentar conter a escalada do dólar, o Banco Central já injetou US$ 15,245 bilhões em recursos novos no mercado do câmbio apenas em março. O dólar – que na semana chegou a bater em R$ 5 – vem subindo em todo o mundo em meio à busca pelos investidores por ativos de proteção. Por trás do movimento, está o avanço da pandemia de coronavírus e as incertezas sobre a duração e a magnitude dos efeitos da doença sobre o crescimento da economia global.

Para piorar, no começo de março, os países produtores de petróleo entraram em uma disputa que levou à forte queda no preço internacional do barril. Por fim, no Brasil, o cenário político conturbado em torno do orçamento impositivo tem servido de estímulo para um dólar ainda mais caro.

Somente em 2020 o dólar acumula uma alta de 20% em relação ao real. Considerando apenas as duas primeiras semanas de março, o avanço da moeda americana foi de 7,54%. Esse aumento só não foi maior porque o BC atuou diariamente no mercado, lançando um arsenal de intervenções, muitas delas sem aviso prévio durante os momentos de maior volatilidade da moeda.

Nesta semana, o BC vendeu US$ 7,2 bilhões à vista aos agentes financeiros. Esse tipo de operação significa uma injeção de recursos "na veia", já que os contratos não preveem a recompra desses valores pela autoridade monetária no futuro. Na prática, significa que o governo está "queimando" parte das reservas internacionais para estancar o dólar. As reservas internacionais do Brasil estão na casa dos US$ 361 bilhões.

O BC vendeu US$ 28 bilhões à vista ao longo de todo o segundo semestre do ano passado para enfrentar as flutuações da moeda. Nos últimos dias, no entanto, vendeu um quarto desse valor.

Swap
Intercalado às vendas de dólares à vista, o BC negociou outros US$ 6 bilhões neste mês em novas operações de swap cambial, um tipo de contrato cuja negociação tem efeito equivalente à venda de dólares no mercado futuro. É justamente o mercado futuro de dólar o mais líquido no País e o que costuma conduzir as cotações – inclusive, do dólar à vista.

Na última quinta, o BC ainda vendeu mais US$ 2 bilhões de recursos novos em leilões de linha com recompra. Esse tipo de operação já traz embutida a garantia de que a autoridade monetária irá reaver os montantes negociados em uma data futura.

No começo da semana, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, já havia adiantado que instituição utilizaria todo o arsenal de medidas para agir no mercado de câmbio. "Não temos preconceitos contra nenhum instrumento", afirmou em evento em São Paulo.

Serra, por outro lado, rechaçou antecipar os volumes que o BC pode desembolsar para tentar controlar o mercado de câmbio. "Não há definição de lotes", disse ele. Com isso, as comunicações sobre essas intervenções têm sido pontuais, na véspera dos leilões programados ou instantes antes de leilões extras.

Parte do mercado, porém, defende que o BC divulgue um "programa cambial" com cronograma para intervenções e o volume total disponível. A tese é defendida pelo ex-diretor do BC e atual economista-chefe do UBS, Tony Volpon, como um meio de fornecer mais segurança e previsibilidade aos agentes. Já o ex-secretário do Tesouro Nacional e atual diretor do ASA Bank, Carlos Kawall, chega a propor um pacote de US$ 50 bilhões para compras e vendas ou leilões de troca.

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