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EXPECTATIVA

Mercado aposta em nova queda da Selic na próxima quarta-feira

Publicado em: 07/12/2019 09:29

André Perfeito,economista-chefe da Necton: "Vamos ver como o BC vai encaminhar a discussão para o ano que vem. Como temos uma retomada da atividade econômica, com indicadores industriais em recuperação e o PIB mais forte, isso pode colocar um freio nas quedas" (Breno Fortes/CB/D.A Press)
André Perfeito,economista-chefe da Necton: "Vamos ver como o BC vai encaminhar a discussão para o ano que vem. Como temos uma retomada da atividade econômica, com indicadores industriais em recuperação e o PIB mais forte, isso pode colocar um freio nas quedas" (Breno Fortes/CB/D.A Press)
O Banco Central decide, na próxima semana, os rumos da taxa básica de juros (Selic). A instituição já indicou que deve promover mais uma redução de 0,5 ponto percentual, de 5% para 4,5% ao ano, o que renovaria a mínima histórica. Para especialistas, mesmo diante da subida da inflação e do dólar, a autoridade monetária deve sustentar o corte. No entanto, a redução deve ficar por aí, estimam. Como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou de 0,10% em outubro para 0,51% em novembro, maior resultado para o mês desde 2015, o espaço para novas quedas da Selic no próximo ano, como alguns economistas chegaram a cogitar, encolheu.

Mais do que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), na reunião marcada para os próximos dias 10 e 11, a expectativa dos analistas é pelo conteúdo do comunicado que será divulgado após o encontro. Para o economista-chefe da Necton, André Perfeito, o corte de 0,50 ponto percentual deve ocorrer. “Vamos ver como o BC vai encaminhar a discussão para o ano que vem. Como temos uma retomada da atividade econômica, com indicadores industriais em recuperação e o PIB (Produto Interno Bruto) mais forte, isso pode colocar um freio nas quedas”, avaliou. “A Selic deve ficar em 4,5% ao ano em 2020”, estimou.

Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, tem a mesma opinião. “O corte de 0,50 ponto percentual está contratado. O que pode mudar é a continuidade do ciclo de redução da Selic. Deve estacionar em 4,5% por conta da atividade econômica mais forte e mais dinâmica e da pressão inflacionária. Diante do choque de oferta, como da carne, o BC pode se mostrar mais cauteloso nos próximos movimentos”, avaliou. Rosa lembrou que algumas instituições chegaram a cogitar que a Selic poderia cair para 3,75% em 2020. “Isso não deve acontecer. Por isso, o comunicado será mais importante do que a decisão”, disse.

Fatores
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, explicou que a política monetária é apoiada sobre fatores estruturais, e não conjunturais, como essa alta pontual do custo de vida. “A expectativa de inflação está ancorada bem abaixo do centro da meta, de 4,25% para 2019 (4% para 2020 e 3,75% em 2021”, alertou. Agostini prevê que o BC vai ficar mais cauteloso, mas promoverá a queda para 4,5% ao ano, mantendo estável por um bom tempo. “A projeção de inflação do mercado era 3,52% para 2019. Deve sofrer ajuste e fechar entre 3,80% e 3,90%. A nossa estimativa é de 3,89% em 2019 e de 3,74% em 2020”, afirmou. Índices abaixo do centro da meta.

“Quando virar o semestre, o BC passa a olhar para o ano seguinte. Com a retomada da atividade econômica, a partir de julho, estará mirando 2021, quando a meta é mais estreita, e o Copom terá que ser mais cirúrgico. Por isso, o ciclo de alta deve se iniciar em junho, com 0,25 ponto a cada reunião”, estimou Agostini. Como são cinco reuniões, a Selic fecharia em 6% ao ano em 2020, no entender do economista.
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