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Embalado pela crise argentina, dólar chega ao maior valor em 12 meses

Publicado em: 03/09/2019 08:23 | Atualizado em: 03/09/2019 10:16

Reprodução/Pixabay
O acirramento das tensões entre Estados Unidos e China e o agravamento da crise cambial na Argentina provocaram nesta segunda-feira (2) nova alta do dólar no mercado brasileiro. A moeda norte-americana subiu 1,09%, terminando o dia a R$ 4,184 para venda, a maior cotação desde 13 de setembro de 2018, antes das eleições presidenciais. Entre as moedas de países emergentes, o real foi a que mais se desvalorizou na sessão.

“A fuga de capitais na Argentina trouxe nervosismo para as moedas de países emergentes, principalmente à do Brasil, já que as economias dos dois países são bastante interligadas”, ressaltou o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer. No fim de semana,  na tentativa de conter a crise, o Banco Central da República Argentina fixou  um limite de US$ 10 mil por mês para a compra de dólar por pessoas físicas.

A subida do dólar aumentou as chances de o Banco Central do Brasil realizar um novo leilão de divisas para conter a volatilidade no mercado de câmbio. A autoridade monetária tem ofertado a moeda norte-americana em espécie no mercado à vista e, simultaneamente, lançado operações de swap reverso, que equivalem a uma compra futura de dólares. Para o economista e diretor executivo da corretora de câmbio NGO, Sidnei Nehme, os leilões não vêm trazendo tanto impacto. “O BC está tentando manter o dólar ao redor de R$ 4,15, mas, ao mesmo tempo em que oferece liquidez no mercado à vista, puxa o futuro, e a moeda não sai de onde está. É uma política de sustentação que não tem intuito de eliminar disfunção”, avaliou.

O cenário externo complicado também afetou o mercado de ações. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), operou entre perdas e ganhos e acabou terminando a segunda-feira com recuo de 0,50%, aos 100.626 pontos. Com liquidez baixa e bolsas norte-americanas fechadas pelo feriado do dia do trabalho, o destaque ficou por conta do temor de uma recessão global, em consequência da guerra comercial entre Estados Unidos e China.

“Havia tudo para que a sessão fosse calma e tranquila, devido ao feriado norte-americano. Já se sabia que a liquidez seria baixa, mas a dificuldade de os dois países marcarem um simples encontro mostra que existe hiato grande entre o pensamento das lideranças”, disse o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman.  No âmbito doméstico, a pesquisa do Datafolha indicando queda da popularidade do presidente Jair Bolsonaro não afetou os negócios. Os investidores seguem  a agenda política no Congresso, que terá, nesta semana, a votação do relatório da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado.

Melhora previsão do PIB    
Após o avanço de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, as projeções do mercado financeiro para o avanço da economia voltaram a melhorar. Segundo o boletim Focus, do Banco Central, a mediana as estimativas para a alta do PIB em 2019 passou de 0,80%, na semana passada, para 0,87% nesta semana. Os analistas elevaram também a previsão para o dólar no fim deste ano, de R$ 3,80 para R$ 3,85. A projeção de inflação caiu de 3,65% para 3,59%. Com isso, a expectativa para a taxa básica de juros permaneceu em 5% para o fim do ano, confirmando as apostas de que o BC continuará com o ciclo de redução da Selic.
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