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'Se for baixinho, não distorce tanto', diz Guedes sobre CPMF

Publicado em: 22/08/2019 07:11

Evaristo Sá/AFP
O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a mencionar a criação de um imposto sobre pagamentos, uma espécie de CPMF, extinta em 1999. A pretensão é incluir o tributo no texto de reforma tributária que o governo está preparando. Na terça-feira à noite, ele afirmou que “pequenininho (o imposto), não machuca”. Nesta quarta-feira (21), reforçou que, “se for baixinho, não distorce tanto”. “O próprio imposto sobre transações foi apoiado no governo Fernando Henrique. Todos os economistas apoiaram, porque tem uma capacidade de tributação muito rápida, muito intensa, põe muito dinheiro no caixa rápido. Se for baixinho, não distorce tanto”, destacou, na manhã desta quarta-feira (21).

Para aplacar as resistências do empresariado, Guedes propôs “uma forte desoneração na folha de pagamento”. Seria uma forma, na análise do ministro, de incentivar o emprego. Ele admitiu que, mesmo o imposto sendo “horroroso”, “vai tentar de toda forma”.

Caso a medida seja apresentada, terá de passar pelo crivo do Congresso. Guedes deu a entender que será responsabilidade dos parlamentares escolher a melhor opção para o desenvolvimento. “Se a classe política achar que as distorções causadas pelo imposto são piores que os 30 milhões de desempregados sem carteira de trabalho, eles decidam. É uma opção difícil”, frisou.

Analistas do mercado financeiro reagiram mal às declarações de Guedes. Para Roberto Luis Troster, ex-economista chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), esse tipo de imposto é muito ruim, tem um efeito perverso sobre a economia e pode provocar, no médio prazo, elevação da taxa de juros. “O tributo aumenta o custo das transações. Com isso, as instituições acabam segurando o caixa. Com menos circulação de recursos, os juros são jogados para cima”, explicou.

Miguel Ribeiro Oliveira, presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), destacou que o mercado ficou perplexo com a insistência do ministro da Economia. De acordo com ele, a expectativa dos especialistas é de que essa proposta não receba aval do Congresso: “O mercado está reticente. O presidente Bolsonaro já disse que não aprova, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, igualmente declarou que é contra e que não passa na Casa.”

Nesta quarta-feira (21), Maia foi diplomático ao comentar a fala do ministro, mas deixou claro que é contra o tributo. “Cada um tem direito a uma posição, e pode ser divergente. O presidente (Bolsonaro) eu sei que continua contra. Mas cada um tem uma opinião do que é importante para melhorar o sistema. Não necessariamente a mesma opinião”, afirmou.
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