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Bolsas vivem pânico de recessão global

Publicado em: 15/08/2019 07:01

Foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil
Temor de crise derruba números do mercado. Os efeitos no Brasil foram o dólar acima de R$ 4 e o BC vendendo reservas para frear a moeda norte-americana
Publicação: 15/08/2019 03:00

O temor de uma recessão global fez com que as principais Bolsas mundiais tombassem mais de 3% ontem. No Brasil, o dólar superou R$ 4. Para conter a disparada, o BC (Banco Central) anunciou a venda de dólar no mercado à vista pela primeira vez em dez anos, indicando que está disposto a reduzir o volume de reservas internacionais para acalmar investidores.

O motor da aversão a risco (quando investidores decidem se desfazer de aplicações mais instáveis em busca de ativos seguros) foi acionado pela divulgação de dados econômicos decepcionantes da China e da Alemanha - respectivamente, segunda e quarta economias do mundo.

No país asiático, o mercado foi pego de surpresa com um crescimento abaixo do esperado em vendas no varejo e produção industrial. Por sua vez, o PIB (Produto Interno Bruto) alemão encolheu 0,1% no segundo trimestre ante os primeiros três meses do ano. O país está à beira da recessão.

Na prática, investidores encontraram novos indícios de que a guerra comercial travada há mais de um ano entre Estados Unidos e China efetivamente causa danos a economias de outros países.

O dia foi marcado por movimento atípico: pela primeira vez desde 2007, os juros dos papéis do governo norte-americano com vencimento em dez anos ficaram abaixo da remuneração dos títulos com prazo de dois anos.

O normal é que ocorra exatamente o inverso: que os juros sejam mais altos nos títulos com vencimentos de prazos mais longos, e mais baixo nos de curto prazo.

Juro de longo prazo a uma taxa menor é um sinal de que o mercado prevê que a economia crescerá menos no futuro distante do que no presente. Traduzindo: investidores estão prevendo uma recessão.

Nas últimas cinco décadas, quase todas as vezes em que essa inversão foi registrada nos Estados Unidos, esse movimento precedeu uma contração da atividade na maior economia do mundo. Em outras nações desenvolvidas, como Reino Unido, a sintonia entre juros e taxa de crescimento do PIB também tem sido frequente.

A mais recente recessão americana teve início em dezembro de 2007, seis meses após a chamada inversão da curva de juros dos títulos do governo, em junho daquele ano.

A moeda norte-americana fechou o dia cotada a R$ 4,0410, alta de 1,78%, no maior patamar desde 23 de maio, período que havia já sido turbulento para investimentos em razão de fatores internacionais.

O real terminou como a terceira moeda emergente que mais perdeu valor ante o dólar, atrás do peso argentino, ainda sob efeito da surpresa política com o avanço da chapa kirschnerista, de esquerda, na disputa presidencial deste ano, e do rand sul-africano.

Após o fechamento do mercado, o BC anunciou que irá vender dólares à vista, recorrendo a reservas internacionais, algo que não acontecia desde 3 de fevereiro de 2009. As operações começam dia 21 e se estendem por uma semana, com vendas diárias de US$ 550 milhões. (Folhapress)

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