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Governo federal deve reduzir spread bancário para estimular economia

Publicado em: 30/07/2019 08:05

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
A equipe econômica pretende anunciar medidas para estimular a economia quando a reforma da Previdência for encaminhada para o Senado. E uma delas deverá atacar o spread bancário, de acordo com o secretário da Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues. Com a economia fraca e o desemprego elevado, o consumo não vai deslanchar se o custo do crédito continuar no patamar atual. “Essa é uma das agendas prioritárias do governo para o segundo semestre. Vamos trabalhar para reduzir o spread. Como o próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem falado: será a redemocratização do acesso ao crédito. São medidas complementares”, garantiu Waldery em entrevista ao Correio. 

Segundo o secretário, a Medida Provisória nº 889/2019, que trata das novas regras do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) também vai contribuir para que o spread caia. Ele citou que o crédito de recebíveis do Fundo, previsto na MP, vai permitir que o trabalhador da iniciativa privada consiga empréstimo consignado com o saque anual do FGTS como garantia. Ele disse que fintechs financeiras e grandes bancos demonstraram interesse no novo mercado. Pelas contas “conservadoras” da equipe econômica, a nova modalidade de crédito poderá movimentar R$ 100 bilhões a partir de 2020, quando os trabalhadores iniciarem a migração do sistema atual do FGTS para o saque aniversário. “O impacto será maior do que o das contas ativas e inativas do FGTS, que ocorrem neste ano e no início de 2020, e será mais duradouro”, comparou.

Diferença entre o que os bancos pagam na captação de recursos e o que eles cobram ao conceder um empréstimo, o spread é um dos componentes dos juros no mercado para o consumidor e para as empresas. Nele, as instituições financeiras embutem uma série de custos operacionais, administrativos, impostos e margem de lucro, que fazem do crédito no Brasil um dos mais caros do mundo.

Dados do Banco Central mostram que, no acumulado do ano, a média do spread no crédito para a pessoa física junto ao sistema, com recursos livres, cresceu neste ano. Em junho, foi de 46,2 pontos, com alta de 5,5% no ano e de 2,8% no acumulado em 12 meses, conforme mostra o quadro ao lado. Não à toa, acompanhando a alta do spread, os juros para a pessoa física não caem. Entre maio e junho, a taxa anual do cartão de crédito rotativo, por exemplo, passou de 320,95% para 322,2%. No crédito não consignado, as taxas encerraram junho em 120,3% ao ano, alta de 13% desde janeiro. Já o encargo para empréstimos consignados para servidores públicos ficou em 20,8% ao ano em junho, com acumulada no ano de 1,4%.

A alta nos custos do crédito não acompanha a Selic, atualmente em de 6,5%, menor patamar da história desde março de 2018. “Os bancos estão captando dinheiro mais barato nesse período em que a Selic permaneceu baixa. Mas esses juros não estão se refletindo no mercado”, lamentou o professor de Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Fábio Gallo.  

Entre esta terça (30/7) e quarta-feira (31) e, o Banco Central decide sobre a taxa básica da economia. As apostas são de corte de 0,50 ponto percentual, iniciando  um novo ciclo de redução até chegar em dezembro uma taxa entre 4,75% e 5,5%. “O ambiente está favorável para o corte nos juros. A inflação está bem controlada, abaixo do centro da meta (de 4,25% ao ano), e a atividade continua fraca”, destacou o economista-chefe da Ativa Investimentos, Carlos Thadeu de Freitas Gomes.

Pelas contas dos técnicos da Fazenda, a queda de 0,5 ponto percentual na Selic implicaria uma economia de R$ 14 bilhões na conta de juros da dívida pública no acumulado em 12 meses. Desse total, R$ 7,5 bilhões seriam economizados com os juros pagos para os títulos do Tesouro Nacional indexados à Selic e outros R$ 6,5 bilhões, com o custo menor nos papéis usados para as operações compromissadas do BC.
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