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Comércio ganha nova representação

Publicado em: 13/05/2019 18:12

Foto: Reprodução/Fecomércio

O Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-PE escolheu um novo presidente após a morte do professor Josias Albuquerque, este ano. Eleito e empossado no dia 20 de fevereiro, o engenheiro Bernardo Peixoto dos Santos Oliveira Sobrinho irá comandar o sistema até  17 de junho de 2022.  Natural de Jaboatão dos Guararapes, ele era o 1º vice-presidente da gestão anterior, conquistando unanimidade na sucessão. Como empresário,  criou a rede de Livrarias MEC, a maior do estado, e  a empresa Max Fruit, além de representar a categoria em instituições e exercer cargos públicos. Nesta entrevista ao DP Empresas, ele fala dos planos e inaugurações previstas no  seu mandato, dos problemas do Centro do Recife, e dos impactos da reforma trabalhista e da proposta de reforma da Previdência para o comércio.

Quais são os seus principais planos à frente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-PE?
Mesmo sendo um ano difícil e de crise econômica e política, o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-PE pretende ampliar a sua atuação e presença no fomento ao desenvolvimento de Pernambuco. A educação continuará sendo uma prioridade da nossa gestão, como foi durante os 23 anos de Josias Albuquerque à frente das entidades, e a inauguração da nova sede da Faculdade Senac Pernambuco, ainda neste semestre, reforça esse nosso compromisso. Será um ano também de atuarmos institucionalmente em defesa das entidades do Sistema S contra qualquer tipo de ameaça às nossas instituições, que prestam um excelente serviço à sociedade. Os números mostram a nossa força – só em 2018, realizamos 107 mil atendimentos, com os cursos do Senac, e 7,6 milhões pelo Sesc em ações de lazer, cultura, educação, esportes e assistência social. Neste mandato vamos inaugurar o hotel do Sesc, em Sirinhaém; a nova sede da Fecomércio e a nova unidade do Sesc Santa Rita, no Recife; e o Complexo Poliesportivo do Sesc, em Floresta, no Sertão do Pajeú. Essas obras somam cerca de 190 milhões em investimentos. Para um ano de crise, estamos fazendo muito além do que planejamos, gerando milhares de empregos diretos e indiretos e dando oportunidades à população. Quero que a minha gestão seja marcada pelo desenvolvimento e consolidação das nossas entidades em defesa dos interesses dos empresários e da sociedade em geral e, para isso, vamos ter que investir na modernização institucional. O desafio é grande e estamos dispostos a vencê-lo. 

Qual a expectativa do comércio de Pernambuco para 2019?
A confiança do empresário ainda é bastante positiva e mostrou aceleração significativa no pós-eleição presidencial diante de uma promessa de políticas públicas para redução do Estado e maior protagonismo do setor privado. Mas apresentou modesto recuo das expectativas no primeiro trimestre, o que pode ser colocado na conta do ritmo lento da aprovação da reforma da Previdência nas comissões iniciais. Apesar das contas públicas de Pernambuco também sinalizarem a necessidade de atenção, grandes investimentos no setor da construção civil criarão um ambiente propício ao retorno do consumo, o que gerará impactos positivos para o volume de vendas do varejo. 

Na sua opinião, quais os maiores gargalos para a sustentação do comércio de rua no Centro do Recife?
Mobilidade, segurança e infraestrutura são os principais gargalos informados pela maioria dos empresários dos setores alocados no Centro. É necessário fomentar ações estratégicas para a melhoria dos serviços públicos. O comércio do Centro do Recife, incluindo o Camelódromo da Avenida Dantas Barreto, precisa de melhorias para atrair os consumidores e mais atrativos para concorrer com os shoppings, que investem cada vez mais em conforto, comodidade e segurança. 

É possível unir entidades do comércio e o poder público para enfrentar o desafio de revitalizar o comércio do Centro do Recife?
Estamos abertos ao diálogo com todas as esferas do governo – municipal, estadual e federal – para tentar encontrar caminhos e soluções inovadoras visando o crescimento e o desenvolvimento do nosso setor. 

Qual o papel das regionais da Fecomércio no interior do Estado?
No interior, nossos sindicatos filiados defendem os interesses dos comerciantes, com ações de representatividade e capacitações, em parceria com o Instituto Fecomércio e o Sebrae, que realizam fóruns empresariais, ciclos de debates, palestras, workshops, seminários e cursos de formação empreendedora. A interiorização das nossas ações sempre foi e será uma prioridade da Federação, com apoio e parceria das prefeituras, associações comerciais, Câmaras de Dirigentes Lojistas, entre outras entidades. 

O Sistema Fecomércio tem excelente reputação  na formação de mão de obra para o mercado. Mas ainda temos reclamações da falta de qualificação dos profissionais de atendimento, em restaurantes e lojas. Como convencer os empresários a capacitar seus funcionários?
O Senac mantém relacionamento constante com os empresários dos diversos segmentos do comércio de bens, serviços e turismo porque acredita que a sua missão é formar profissionais que atendam às necessidades do mercado. Além de ter assento em diversos conselhos de desenvolvimento, utiliza os Fóruns Técnicos Setoriais como principal ferramenta de atualização da sua oferta de cursos. Nestes fóruns, é analisado o portfólio da instituição para verificar necessidades, características e tendências do setor estudado. A discussão é feita por empresários, conselhos de classe, sindicatos patronais e de trabalhadores, meio acadêmico, instituições de pesquisa, e especialistas do próprio Senac, para se obter a pluralidade de visões sobre a realidade das ocupações. Com isso, o Senac apresenta, nacionalmente, um portfólio em total sinergia com o mercado. A instituição também realiza o Programa Senac de Gratuidade, que oferta cursos para qualificar e aperfeiçoar a qualidade dos serviços em restaurantes, lojas e outros segmentos. 

O que temos para Pernambuco?
Estão planejadas 5.957 matrículas em 2019, inteiramente gratuitas. Só do curso de Aprendizagem em Serviços de Vendas devem ser 28 turmas. O Senac ainda realiza palestras, seminários e workshops com os empresários sobre tendências dos segmentos, sempre abordando a questão da qualidade do atendimento. O Instituto Fecomércio também atua na qualificação de mão de obra em segmentos estratégicos no estado como o Programa de Qualificação no Turismo, uma parceria com a ABIH e a Abrasel. Ele surgiu de  um diagnóstico sobre a necessidade de qualificação em hotelaria e bares e restaurantes, encaminhado pelas instituições parceiras. Trabalhamos os principais déficits das atividades, inclusive em capacitação para um atendimento mais qualificado aos consumidores.  

A falta de crédito é um entrave para o desenvolvimento do comércio. Existe alguma mudança para melhorar o problema?
De fato, o saldo do crédito direcionado às pessoas jurídicas (R$ 26,5 bilhões) perdeu força, após 2014, e se encontra em um nível inferior ao das pessoas físicas (R$ 46,8 bilhões), criando entraves significativos para que o setor produtivo volte a investir nos negócios, atrasando a inovação de algumas áreas, assim como ganhos de produtividade. Em 2018, a proporção Crédito/PIB em Pernambuco ficou em 41,4% - menor que a proporção nacional (47,4%), indicando uma necessidade de políticas voltadas à desburocratização e à redução do custo do crédito para o aumento sustentável da alocação de recursos. Isso contribuiria para melhorar o mercado de trabalho e, de forma indireta, as contas públicas com uma maior arrecadação pelo aquecimento do consumo. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apoiada pelas federações estaduais – desenvolveu uma parceria com o Banco do Nordeste para facilitar o acesso às suas linhas de crédito pelos empresários do setor que será assinada na semana que vem. 

Qual o impacto da reforma trabalhista para o comércio? 
Ela trouxe uma maior modernização das leis que regem o mercado de trabalho, dando mais segurança e autonomia nas relações entre empregado e empregador. Com isso, o emprego formal voltou a ter saldo positivo em 2018, criando uma expectativa de melhora na renda e confiança das famílias. É importante frisar que os desdobramentos positivos da reforma virão de maneira mais forte no ciclo de crescimento econômico – a alteração na lei não tem o poder de gerar empregos e sim de acelerar a criação de vagas formais em cenários positivos. Vale destacar também que para o Sistema Sindical, do qual fazemos parte, a aprovação da consolidação das leis trabalhistas impôs uma dura e desafiadora conjuntura: manter a excelência na prestação de serviços ao setor produtivo com queda em seus recursos, já que um dos pontos retira a obrigatoriedade da contribuição sindical.

Qual a expectativa sobre a aprovação da reforma da Previdência?
O setor é consciente da necessidade da reforma da Previdência para a aceleração do crescimento do país. O ‘mercado’ trabalha com expectativa e, atualmente, sem a reforma há um consenso de que o sistema atual irá quebrar, a população está envelhecendo rápido e, com uma expectativa de vida cada vez maior, a conta não fechará. A quantidade de pessoas contribuindo não cobrirá as que estão recebendo os benefícios, inviabilizando o sistema. O déficit da Previdência abocanha mais de R$ 200 bilhões das receitas do governo, dinheiro que. aprovada a reforma, poderá ser investido em outras áreas importantes para o desenvolvimento do país, elevando o bem-estar social da população. A expectativa é positiva, apoiamos o pleito, e acreditamos que a grande maioria dos pontos será aprovada, atingindo grande parte do valor da economia pós- reforma projetada pelo Ministério da Economia.

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