DP NOS BAIRROS
Boa Viagem: cobiçado, mas desafiador
Por: Thatiana Pimentel
Publicado em: 05/04/2019 07:50 | Atualizado em: 05/04/2019 07:55
Boa Viagem é disparado o bairro no qual mais negócios são abertos no Recife. Lá, a economia é a mais pulsante e importante da cidade. Também é onde mais empresas são fechadas. Indicativos de um mercado aquecido, com consumidores exigentes e, por vezes, infiéis aos nomes tradicionais. Dentro deste cenário, atividades relacionadas à estética e beleza ganham destaque no ranking dos segmentos comerciais com maior movimentação em Boa Viagem, o que aumenta a competitividade entre os empreendedores e torna a permanência no bairro uma prova de competência e qualidade. Já coaching e marmitas saudáveis congeladas começam a aparecer nos rankings setoriais de lançamentos para a região, apontando tendências de negócios.
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Edelson Barbosa, o famoso Edelson Cabeleireiro, pode falar bem sobre isso. Com um salão funcionando em Boa Viagem desde 1984, o profissional viu o bairro crescer e se tornar praticamente independente de outros logadouros do Recife. “Antes, quem abria um negócio por aqui tinha que investir em qualidade e na relação direta com os clientes. Eu conhecia todas as minhas clientes e com isso o serviço fica automaticamente melhor. Hoje, a população de Boa Viagem é muito flutuante, muita gente de fora do estado, do interior, não sabemos mais quem é quem. Então hoje a experiência acaba ficando em primeiro plano. Temos que ser inesquecíveis para os clientes voltarem, produtos de qualidade e atendimento sem erros”, explica o empreendedor. O salão já mudou três vezes de endereço no bairro e agora está na Rua Raul Lafayette. “ A localização é outro ponto-chave para quem trabalha com estética aqui. Tudo depende da localização”, completa.
Marcelo Wanderley Filho, dono da Trois Barbearia, concorda e acrescenta que para quem quer abrir um negócio, a análise de fluxo deve ser a primeira pesquisa a ser feita. “A gente, por exemplo, escolheu uma rota mais próxima ao Pina para expandir nosso raio de atuação”, detalha. Segundo ele, o público é diferente de outros bairros do Recife. “Em Boa Viagem, nós temos 122 mil pessoas, além disso, 30 mil pessoas no Pina. São 150 mil pessoas aglomeradas. O rendimento médio nessas residências é de R$ 7 mil. Para todo o negócio é um fluxo de prospecção de clientes muito interessante. Outro dado, se a gente somar os dados de Casa Amarela, Tamarineira, Casa Forte, Aflitos, Espinheiro, Apipucos e Jaqueira, a gente chega em 90 mil pessoas. Então, na comparação, o público de Boa Viagem ainda ganha dos principais bairros da Zona Norte. É imbatível.”
Apesar disso, existe um lado negativo. Esse público também é o mais exposto à oferta de negócios da cidade. Inclusive, às lojas dos shoppings Recife e RioMar. Logo, é difícil fidelizar esse cliente. “É um consumidor inquieto”, ressalta. Para o empresário, em relação à quantidade de negócios que fecham em Boa Viagem, o problema está mais na fragilidade das marcas do que na dificuldade de empreender no bairro. Ele acrescenta que o Trois tem unidades na Conselheiro Aguiar, Shopping RioMar e Parnamirim e a unidade de Boa Viagem tem um curva de crescimento duas vezes maior que a do Parnamirim.
TENDÊNCIAS
Taciana Bravo, presidente da Jucepe (Junta Comercial de Pernambuco), destaca ainda outros pontos interessantes sobre a movimentação econômica em Boa Viagem. “O grupo de treinamentos em desenvolvimento profissional e gerencial entrou pela primeira vez no ranking dos dez negócios mais abertos no bairro em 2018. Isso é resultado dessa onda de coaching que estamos vivendo no Brasil. Outro segmento que começou a aparecer no top 10 foi alimentação congelada saudável, que é uma tendência nacional também”, finaliza. Ainda de acordo com ela, o bairro é, indiscutivelmente, o coração econômico do Recife e através dele é possível identificar tendências que poderão se consolidar na cidade no futuro.
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