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Otimismo para mais investimentos no Nordeste

Expectativa dos empresários mostra que intenção de crescimento na região é superior à nacional

Publicado em: 08/12/2018 10:00 | Atualizado em: 06/12/2018 19:44

Edson Cedraz diz que o estado foi um dos que mais apresentou baixas na atividade econômica. Foto: Douglas Eiji Matsunag/Divulgação

Os empresários nordestinos estão otimistas para 2019 e pretendem aumentar os investimentos. Além disso, o combate à corrupção foi apontado como prioridade em relação ao próximo governo, que tem início em 1º de janeiro. Os dados, divulgados com exclusividade ao Diario, fazem parte do levantamento Agenda 2019, realizado anualmente pela consultoria Deloitte.

Os números mostram que a intenção de crescimento no Nordeste é superior à média nacional: 54% dos empresários cujas empresas estão localizadas na região afirmaram que vão aumentar os investimentos, enquanto a média nacional foi de 46%. "O fato é que o Nordeste foi uma das regiões que mais sofreu com a crise, e o índice de desemprego cresceu numa velocidade maior que o de outras regiões. Se a atividade econômica sofreu um encolhimento mais avassalador (em comparação a outros locais), naturalmente o espaço para retomada é maior", explica Edson Cedraz, sócio da Deloitte no Recife.

No caso de Pernambuco, ele explica que o estado foi um dos que mais apresentou índices de baixa na atividade econômica, além de ter sofrido com o desemprego. "Temos uma carteira de projetos que sofreram com a crise, como é o caso do setor de infraestrutura, petróleo e gás, nossa cadeia petroquímica", diz. O estado fechou o ano de 2017 com 17,6% de desempregados, a segunda maior taxa do país, segundo o IBGE (ficando atrás apenas do Amapá, que registrou 17,7%). Ao todo, a Deloitte ouviu cerca de 50 empresas localizadas no Nordeste, o que corresponde a 6% do total no Brasil - foram consultadas 826 ao todo.

A agenda de combate à corrupção, segundo Cedraz, tem a ver com o resultado das eleições, já que esse foi um tema fortemente defendido pelo presidente eleito Jair Bolsonaro. "Os empresários da região levaram isso para suas respectivas listas de prioridades. Mas outros assuntos também estão em pauta, como a necessidade de reforma previdenciária, tributária e política. Na verdade, a diferença (entre a preocupação com a corrupção e os demais temas) foi pouca".

Desafios
Chamou a atenção da Deloitte os desafios apresentados pelos empresários. Em âmbito nacional - e o Nordeste segue essa tendência - , existe uma dificuldade no que diz respeito à formação de capital humano. "Surpreendentemente há uma dificuldade em formar e desenvolver pessoas e talentos capazes de entregar as estratégias de desenvolvimento. Também há o desafio de se explorar as oportunidades da indústria 4.0", explica.

Nesse cenário, ele aponta que há três fatores que necessitam ser consolidados. "De fato, há um desconhecimento (do empresariado) de como converter tanta tecnologia disponível (em produtividade). Temos uma grande oferta atualmente, como machine learning, inteligência artificial, mas o problema está na capacidade de as empresas interpretarem melhor". O segundo fator é o próprio capital humano, já que, segundo Cedraz, "pessoas são elemento central nessa conexão (entre tecnologia e estratégias)". E o terceiro elemento dessa equação é a baixa capacidade de investimento. "Na crise, os investimentos foram cortados, e isso gera um ciclo vicioso de cortes".
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