Economia
dp nos municípios
Olinda para todos os gostos e dias
Poder público e empresários vão fazer uma força-tarefa para transformar a cidade em polo atrativo diversificado e com roteiro que conquiste os turistas
Publicado: 21/12/2018 às 09:32
Bodega do Veio já se tornou um ponto de encontro de quem vai à Cidade Alta. Foto: Marina Curcio/Esp.DP/
Olinda tem o carnaval mais agitado de Pernambuco, movimenta cifras bilionárias nos dias de folia, mas, nos demais períodos do ano, o clima de efervescência não se mantém. O acervo histórico, cultural e gastronômico é um atrativo para visitações durante o ano. Porém, nada que mantivesse bons níveis de movimentação dos agentes do trade turístico, como restaurantes, bares e hotéis. Uma força conjunta entre setores público e privado resolveu agitar Olinda durante todo o ano, um movimento que quer reaquecer a economia da cidade a partir de dez eixos que prometem reposicionar Olinda como destino turístico do estado.
A Agência de Desenvolvimento Econômico de Olinda entra como o lado público e a Associação dos Empreendedores do Sítio Histórico de Olinda (AESHO) será o lado privado na parceria. As ações vão incluir um receptivo turístico; uma espécie de city tour na cidade alta nos moldes do que ocorre na Argentina; a ciranda ao pôr do sol, que contempla a frente da dança e da música; oficinas culturais, com o objetivo de integrar os turistas à arte local, como frevo e maracatu; e um roteiro gastronômico, mostrando a diversidade de um dos principais e fortes polos do estado.
Outros eixos a serem explorados são: café com artista, no qual artistas irão receber grupos de turistas em suas casas/ateliês para tomar um café; os bonecos gigantes, que não poderiam ficar de fora e entram com a ideia de promover um turismo de experiência, com visitas a Casa dos Bonecos Gigantes e poder carregar o boneco; um city tour da Boemia, um roteiro seguindo pela história dos bares e botecos de Olinda, guiado por quem entende do circuito. Para fechar a programação, o Olinda de Portas abertas, onde moradores, comerciantes e artistas poderão abrir suas portas para receber os turistas; além da Ilha da Amizade, uma praia que será reestruturada pensando em seu potencial.
A boemia
No dicionário, boemia significa o modo de vida da pessoa que não segue regras, que é livre e gosta de se divertir e beber. Na Cidade Alta, esse estilo se perpetua em três gerações de bares, começando pela Bodega do Veio, o mais tradicional reduto dos boêmios olindenses e se consolidando com espaços coletivos, como o Maracatu Hostel Bar, aberto em 2017, passando pela resistência de outros, como o Xinxin da Baiana, que fechou neste ano e reabriu como Recanto do Ingá, no mesmo local. O fato é que em praticamente todas as ruas do Sítio Histórico existem bares e pubs. Abaixo, listamos os sete principais bares da região, contando um pouco de suas histórias e trazer o ranking dos petiscos e bebidas de cada um. Em breve, todos farão parte de um Roteiro da Boemia oficial olindense. (Tathiana Pimentel)
Bodega do Veio
Nasceu em 1981, como mercearia. O garçom Paulo Alexandrino, ou Paulinho, como é conhecido, é uma das principais figuras da boemia na Cidade Alta e trabalha na Bodega há quase uma década. O estabelecimento fica na Rua do Amparo e vende de estilingue a uísque. Como principais petiscos estão a tábua de frios, que vem com queijo do reino, pastrami, lombo canadense, presunto de parma e copa, a salada de bacalhau e as empadas nos sabores de frango, queijo do reino, bacalhau e doce de leite. “No quesito de bebidas, nada supera a cerveja, é a bebida mais pedida. Temos mais de 20 artesanais”, diz Paulinho. A Bodega, hoje sob comando de Maria Bernadete, abre de segunda a segunda das 10h às 23h ou até o último cliente.
Bar do Peneira
Nada mais tradicional em Olinda do que tomar uma cerveja no Quatro Cantos. Mais especificamente na esquina da Prudente de Morais, número 167, onde fica há dez anos o Bar do Peneira, cujo atendente mais conhecido é o próprio Peneira. Com ar sisudo, que já lhe rendeu o apelido carinho de Seu Lunga, Peneira é só sorrisos para falar sobre o prazer de trabalhar no Sítio Histórico de Olinda. “A gente aqui recebe mais amigos que clientes”, ressalta. O ambiente é simples, com fundo musical de rádio e mesas na calçada e fica aberto de segunda a segunda, das 10h às 0h. Os petiscos mais pedidos são arrumadinho de charque, carne de sol com fritas e frango à passarinha. Para beber, a preferência é cerveja gelada. A casa tem 23 tipos. Em segundo lugar fica o uísque e, em terceiro, a caipirinha. “Para quem trabalha nos bares da Cidade Alta de Olinda existe um público fiel, mas quando o turismo é incentivado, isso se converte diretamente em mais clientes”.
Maracatu Hostel Bar
Mais recente na região, seguindo ainda na rua Prudente de Morais, o Maracatu Hostel Bar completará dois anos em janeiro de 2019 como um espaço coletivo com quartos, cozinha, um estúdio de tatuagem, uma cervejaria e um espaço cultural com shows quinzenais e venda de cerveja. O funcionamento, segundo Gabrielly Canavillo, uma das donas da casa, é de sábado das 19h às 2h, domingo, 15h às 19h, e de quarta a sexta, das 19h às 1h30. “Quando abrimos, oferecemos a Glück Bier, que é de fabricação local, e pizza, inclusive vegana, também feita na casa”, explica. As apresentações de artistas são espontâneas e divulgadas pouco antes das atrações. “Aqui no Sítio Histórico existe uma valorização da cultura pernambucana que é difícil encontrar em outro local. E, outro benefício, é que os visitantes conseguem fazer todas as programações andando. Essas são as principais vantagens de empreender aqui”, completa Gabrielly.
Casbah
Na esquina da Praça de São Pedro, há um sobrado mourisco, com arquitetura do século 18. O espaço, inaugurado em 2012, passou a servir pratos árabes e fez sucesso. O Casbah é um conhecido after (pós-festa) da RMR. Com apresentações músicas todas as sextas-feiras e sábados, variando entre forró, reggae e outros ritmos mais tradicionais. Como petiscos mais pedidos estão o bolinho de carne apimentado árabe com molho de iogurte.
Sana Bar
Agora na Rua 13 de maio, número 99, exatamente onde era a Casa do Cachorro Preto, que continua com exposições permanentes em prédio anexo, o Sana Bar abre as portas para um público mais “alterna” com cineclube todas as quartas, das 18h às 23h, e shows nas sextas e sábados, das 18h até 1h. Já nos domingos e quintas, a casa abre das 18h às 23h como bar normal. Entre os petiscos mais pedidos estão o hambúrguer, a batata com queijo gorgonzola e o pão de alho. O ranking das bebidas, por sua vez, é composto de cerveja, cachaça e uísque. Helder Coelho, dono da casa, afirma que o principal obstáculo de estar no Sítio Histórico é a burocracia dos órgãos públicos. “Existem muitos problemas para concessão de alvará de funcionamento e outras documentações obrigatórias para os bares da Cidade Alta e são questões que podem ser resolvidas, mas acaba faltando vontade política”, acredita. Apesar disso, ele está feliz com o sucesso do Sana.
Sebo Azul
Ao lado do Sana Bar, o Sebo Azul, de número 121, está há dois anos conquistando sua clientela própria e alimentando a boemia tradicional da cidade. Sob a liderança de Samarone Lima, jornalista, escritor e cronista nascido em Crato, Ceará, mas morador do Recife desde 1987, o espaço funciona como sebo de livros, casa do jornalista e bar com saraus de poesias aos fins de semana. “Vim para Olinda para mudar de ares e me apaixonei pelo Sítio Histórico. As pessoas aqui realmente conservam a boemia tradicional porque têm uma relação de amizade com os donos de bar ou estabelecimentos. Acaba que a gente aproveita mais do que trabalha”, reflete. O Sebo Azul funciona como bar todas as sextas-feiras e abre aos sábados para lançamentos de livros ou ao bel prazer de Samarone. Os frequentadores já estão acostumados com a gata Isabelitta, que tem uma cadeira cativa na janela da frente. O espaço é aberto às 20h30 todas as sextas-feiras.
Recanto do Ingá
Nessa lista não poderia faltar o famoso Xinxin da Baiana, hoje renomeado para Recanto do Ingá. Localizado bem na frente da Praça do Carmo, o estabelecimento está sendo comandado pelo famoso garçom José Flávio ou Flavinho, desde abril desde ano, quando o Xinxin foi fechado após 10 anos de atuação no local. “Os petiscos mais pedidos são o acarajé, o filé com fritas e a macaxeira com charque”, afirma Flavinho. Aberto de terça a domingo, das 17h às 0h, o espaço oferece programação cultural sempre às sextas e sábados com shows de coco, caboclinho, cavalo-marinho, reggae, forró e cumbia, divulgados previamente nas páginas do bar nas redes sociais. “Estou muito otimista com 2019 porque existem muitas novidades no Sítio Histórico que estão sendo planejadas e aumentando a atração de turistas, aumenta o movimento para gente”, finaliza.
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