juros

Copom deve manter juros a 6,5%, menor índice da história

O consumo das famílias e os investimentos dos empresários ainda são insuficientes para aquecer a economia, o que limita os impactos inflacionários

Publicado em: 10/12/2018 08:33

Foto: Arquivo/Agência Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta semana pela última vez do ano para definir a taxa básica de juros (Selic), que deverá permanecer em 6,5% ao ano. O crescimento fraco da economia e a inflação abaixo da meta permitem a manutenção dos juros no menor nível da história, a fim de estimular a atividade, que ainda está fraca. A avaliação geral do mercado é de que a Selic ficará estável até o segundo semestre de 2019, terminando o próximo ano entre 7,5% e 8% anuais.

Na interpretação dos analistas, as principais preocupações são com o cenário externo desafiador para países emergentes e com a concretização de reformas consistentes para destravar a economia, missão que caberá ao governo de Jair Bolsonaro (PSL). Na sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou deflação de 0,21%. No acumulado de 12 meses até novembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cravou 4,05%. O mercado espera que o indicador termine o ano em 3,89%, abaixo do centro da meta, de 4,5% anuais.

O consumo das famílias e os investimentos dos empresários ainda são insuficientes para aquecer a economia, o que limita os impactos inflacionários. A Selic está em 6,5% ao ano desde março deste ano, mas não tem estimulado a economia, porque os juros bancários, que realmente contam para a atividade, permanecem elevadíssimos. Pela mediana das projeções do mercado, o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá apenas 1,3% em 2018.

Reformas
Na avaliação de analistas, o país precisa passar por uma série de reformas estruturais para alavancar os investimentos e ampliar o emprego e, assim, estimular um crescimento mais robusto do PIB. Eles avaliam que a equipe formada pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, terá condições de implementar as medidas necessárias para melhorar o ambiente de negócios. “Levando em consideração os números da inflação, nós temos um cenário de controle de preços. Esperamos que a nova equipe mantenha essa tendência e consiga reembalar a confiança para mais investimentos, adotando as medidas necessárias para isso”, afirma o economista Thiago Figueredo, analista da Horus GGR.

De acordo com um economista ligado à equipe de Guedes, a confiança dos empresários e dos consumidores deve avançar mais nos próximos anos, mas ainda há muitas incertezas no momento.“Não se sabe como a reforma da Previdência, que vai ditar todas as expectativas daqui para frente, será feita. O mercado ainda espera definição sobre isso”, afirma. Os empresários aguardam soluções rápidas. A vontade de Bolsonaro em fatiar a proposta da reforma previdenciária, começando pela definição de idade mínima, não soou bem entre os agentes econômicos. Mesmo assim, os investidores avaliam que a palavra Guedes “é a que vale”, e aguardam posições mais transparentes sobre as ações que serão adotadas.

As estimativas do mercado para o PIB de 2019 são de alta de 2,5%. Esse patamar não será suficiente para melhorar significativamente os níveis atuais de desemprego, que atinge 12,3 milhões de pessoas. De acordo com o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, a atividade fraca e a inflação dentro da meta darão condições para um nível menor da Selic. “Não vejo nenhum choque visível à frente que possa mudar a direção da inflação e dos juros. Não temos nenhuma pressão de demanda interna. Além disso, o dólar pode cair em 2019 com a venda de ativos (privatizações) e o acordo de cessão onerosa envolvendo o governo e a Petrobras”, afirma. Ele alerta para o risco da alta de juros nos Estados Unidos, por exemplo. “O PIB mundial deve ser menor, impactando todos os países. Para o Brasil, isso é bom, pois evita a fuga de capitais”, explica. 

O economista Pedro Coelho Afonso está mais pessimista. “No Brasil, temos um grande problema em achar que a alta dos juros no mercado externo poderá inibir os investimentos estrangeiros no país. Tenho certeza de que será um jogo perverso, porque as próximas reuniões do Copom terão uma influência dos fatores internacionais muito grande”, defende. A primeira reunião do Comitê em  2019 será entre os dias 5 e 6 de fevereiro.
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