Especial seguros

Seguros podem ser suporte para tempos de crise

Seguro de responsabilidade civil vem crescendo na carona do aumento dos processos no Brasil, como no caso dos profissionais da área da saúde

Publicado em: 20/10/2018 14:06 | Atualizado em: 18/10/2018 21:23

Segundo Freitas, em Pernambuco, o crescimento foi de 66% até agosto deste ano. Foto: Unimed Seguros/Divulgação

Uma realidade bastante comum nos Estados Unidos, a judicialização da medicina vem se tornando tão corriqueira quanto no Brasil. O percentual de médicos norte-americanos processados é de cerca de 9%. No país, 7%. No ano passado, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foram pelo menos 26 mil processos decorrentes de erro médico, uma média de 70 novas ações por dia.

Um cenário que fez crescer, na carona desses números, o seguro de responsabilidade civil profissional, que garante ao processado valores para custear despesas com advogados e uma indenização em caso de condenação. O Nordeste, apesar de não despontar entre os estados brasileiros com maiores prêmios diretos - volume pago pelo total de clientes para a contratação do seguro -, desponta com cinco representantes entre os dez com maior percentual de crescimento, comparando os dados de 2017 e 2016 fornecidos pela Escola Nacional de Seguros.

Quem oferece esse tipo de seguro observa o aquecimento do mercado. “Enquanto os cinco segmentos oferecidos pela Seguros Saúde cresceram, de 2017 para 2016, 10,2%, faturando R$ 2,9 bilhões, a área de ramos elementares, na qual está inserida responsabilidade civil, cresceu 13,8% e faturou R$ 27,4 milhões. Nos oito meses deste ano, faturamos nesse segmento R$ 23,2 milhões, que representa nesse período, em relação a 2017, a 17,2% a mais. O Nordeste, dentro desse contexto, deve crescer mais que as demais regiões”, comenta Helton Freitas, diretor-presidente da Seguros Unimed. Em Pernambuco, até agosto, o crescimento foi de 66% até agosto de 2018.

Segundo Freitas, o valor pago pelo segurado, na área de saúde, para a obtenção dessa garantia vai de acordo com cada especialidade. As mais elevadas são para os profissionais de cirurgia plástica, obstetrícia, ortopedia e neurocirurgia. Porém, o médico enfatiza que o pacote oferecido pela Unimed Seguros vai além da garantia de recursos financeiros para esse tipo de emergência.

“Fazemos um trabalho de prevenção, através de adoção de uma série de procedimentos que resguardam os médicos. Por exemplo, em uma cirurgia, orientamos para que o médico peça para o paciente assinar um documento no qual contenha todos os riscos envolvidos”. conta.

Seguindo esses padrões, Freitas explica que melhora as chances dos médicos vencerem a batalha jurídica. “O julgamento se torna em cima de documentos, não só de testemunhos. Então, qualquer intercorrência estará registrada no documento. Como há um prazo de 24 meses para acionar o médico na Justiça, não vai precisar que o profissional corra atrás dos fatos. Se você é um bom gestor, tem que ter seguro, porque o imponderável pode ocorrer, por mais que você consiga agir corretamente”.

Silvana teve auxílio financeiro após descobrir câncer. Foto: Nando Chiappetta/DP

Empresários estão se preocupando mais

Márcio Guerrero, presidente da Comissão de Responsabilidade Civil da Fenseg - Federação Nacional do Seguros Gerais, trabalha há 25 anos nessa área e percebe que, nos últimos cinco, não só os profissionais liberais, como também os empresários passaram a adotar esse cuidado de estar segurado para uma eventualidade, algo que os EUA e a Europa já têm isso culturalmente enraizados há décadas.

“Os empresários estão mais conscientes. Hoje, não é difícil uma indústria, shopping center, arena de futebol, casa de show e escritório de advocacia ter esse tipo de seguro. Na área profissional, os que mais procuram são médicos, advogados e engenheiros”, diz Guerrero, citando os números desse mercado. Em 2017, faturou R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 810 milhões registrado pelas indústrias e pouco mais de R$ 300 milhões por riscos profissionais”.

O especialista ressalta que esse tipo de seguro também resguarda o patrimônio da empresa e, por tabela, do indivíduo em ações ocasionadas por terceiros. “Um escritório de advocacia, por exemplo lida com processos de milhões. Imagine que por um erro de um advogado o cliente perca a causa e cobre esse dano ao escritório”. Guerrero enxerga o Nordeste como um mercado promissor. “Minha percepção é que esse mercado tem muito a crescer no Nordeste, que, hoje, deve responder por 20% desse mercado - São Paulo, por 50%. É uma região onde muitos investimentos estão chegando”.

Garantia de sossegdo durante uma turbulência

Há dez anos, a médica Silvana Amorim recebeu um diagnóstico, infelizmente, cada vez mais comum entre as mulheres: um câncer de mama. Venceu a primeira batalha, mas, dois anos depois, a doença voltou. Hoje, após derrotar a doença pela segunda vez, a anestesista conta que a criação conservadora, repassada pela mãe, de sempre se precaver dos imprevistos que a vida pode colocar à frente, foi fundamental para ela não ficar desassistida financeiramente nesse período.

Com seguros contratados em três instituições diferentes dessa atividade, a médica, que também tem entre eles o de responsabilidade civil, mas jamais precisou usar, segundo ela, pôde se beneficiar do contrato que possuí do chamado Serit (Seguro de Renda por Incapacidade Temporária). 

Enquanto enfrentava o desgastante tratamento para se curar, não foi obrigada a manter a intensa rotina de trabalho que tinha para poder não sofrer uma perda financeira, justamente em um momento no qual os gastos se avolumam. 

“Tenho o Serit há uns 20 anos. Foi um alicerce para mim. Um aparato financeiro que fez com que eu respirasse menos um problema. Até a autoestima melhora”, conta a médica. “Acho que eu era a única do meu grupo de amizades que tinha esse tipo de seguro. Mais recentemente, há uns cinco anos, que vi outras pessoas conhecidas também contratando esse serviço”.    

Márcio Guerrero, presidente da Comissão de Responsabilidade Civil da Fenseg, conta que esse tipo de seguro, o Serit, cresceu no país 15% de 2016 para 2017. 
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