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O comércio das rendas e bordados de Passira no Recife
Bordadeiras de Passira pegam a estrada, todas as sextas-feiras, até o Recife, onde expõem produtos em feira e têm um público cativo de consumidores
Publicado: 26/10/2018 às 07:52

Ketyllen, Cláudia, Cida, Gabriela e Monalisa: uma família unida pela arte do bordado. Foto: Leo Malafaia/Esp. Dp./
No Agreste pernambucano, a 78,5 quilômetros do Recife, a cidade de Passira possui um patrimônio cultural reconhecido internacionalmente: os bordados manuais aplicados em roupas, artigos de cama, mesa e banho. Quem não possui tempo ou disponibilidade para viajar, entretanto, pode encontrar esses produtos mais perto do que se imagina: nas proximidades da movimentada Avenida Caxangá. Todas às sextas-feiras, das 6h30 às 14h, em frente ao Conjunto Habitacional do Cordeiro, entre as ruas Maurício de Nassau e Odete Lima, acontece uma feira de enxovais. São peças comercializadas por 13 expositores e confeccionadas pelas bordadeiras e rendeiras da cidade e de outros municípios próximos, como Poção, Pesqueira e Limoeiro.
Andrés Arteaga, coordenador da feira há 25 anos, conta que depois de algumas mudanças, o encontro acontece no endereço atual há oito anos. O peruano, que é também professor de espanhol, estima que a feira recebe, semanalmente, aproximadamente 70 a 80 pessoas e o volume de vendas chega a 80% do material oferecido. O casal Deywson Gomes e Natália Lima, de Passira, são comerciantes recentes no local, há um ano e meio. Comercializando artigos em renda renascença para recém-nascidos e roupas para crianças de 0 a 2 anos, analisam positivamente o período em que participam do encontro semanal. “Vendemos cerca de 100 a 150 peças todas as sextas-feiras e está valendo muito a pena porque essas negociações só aumentam. Estimo um crescimento em torno de 70% desde que chegamos”, afirma Deywson.
Para a família Costa, também de Passira, as rendas e bordados representam mais do que um negócio: são uma tradição familiar. A primeira a levar sua arte à feira do Cordeiro foi a matriarca: dona Dora. Atualmente, o comércio é administrado pelas suas filhas Cida e Cláudia, por Gabriela e Monalisa (filhas de Cida) e Ketyllen (filha de Cláudia). Em sua cidade natal, contam com mais de 80 bordadeiras. Por mês, vendem cerca de 2 mil peças para diversos estados, como São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Alagoas, dentre outros. Para a capital pernambucana, trazem cerca de 1 mil a 1,5 mil peças, vendendo aproximadamente 1/3 delas. São enxovais para crianças e roupas para até um ano de idade. Cida, filha mais velha de dona Dora, conta que a tradição dos bordados e rendas está no DNA da família. “Entre nós, somos advogadas, assistentes sociais e outras profissões, mas não tem jeito: sempre acabamos voltando para nossa arte”, afirma. Apesar de ter percebido uma queda nas vendas de cerca de 30% nos últimos anos, Cida segue otimista. “Há aproximadamente dois meses, sinto que o mercado está voltando a ficar aquecido”, afirma. Comercializando peças com valores que oscilam entre R$ 10 e R$ 200, aceita cartões de crédito, débito e encomendas com prazo de entrega entre 15 dias e três semanas.
Propaganda boca a boca, preço bom e qualidade
O trabalho diferenciado dos expositores atrai um público cativo a cada semana, que se renova, sobretudo, na propaganda boca a boca. Vanessa Aguiar, por exemplo, estava conhecendo o espaço pela primeira vez, por indicação de amigas. Em busca de um vestido de batizado para a pequena Beatriz, de 10 meses, avaliou positivamente a iniciativa. “Sou, geralmente, muito exigente e fiquei satisfeita, pois aqui encontrei preço bom e produtos de qualidade”, afirma.
Raquel Lopes, por sua vez, já é cliente antiga. Ao sétimo mês da segunda gestação, adquiriu boa parte do enxoval do primogênito de 1 ano e 9 meses no local. Agora, voltou para comprar fraldas, toalhas, saídas de maternidade e sapatos para o segundo filho. “Comprei, aproximadamente, 18 peças, mas minha vontade era de comprar muito mais (risos)”, conta.
Paralelo ao espaço para vendas de rendas e bordados, a Feira congrega ainda 12 expositores da Região Metropolitana do Recife comercializando confecções tradicionais para adultos e crianças. Neli Herculano, por exemplo, está desde o início do evento e vende semanalmente, em média, até 55 peças. No seu estoque, apenas vestuário feminino. “Trabalho exclusivamente em feiras. Venho para esta, para Várzea e Olinda. O material é adquirido, geralmente, em Toritama, Santa Cruz do Capibaribe ou Caruaru. Às vezes, as transações são mais lentas, mas sempre se vende aqui”, afirma.
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