Política de preços

Importação de Diesel fez refinarias produzirem abaixo da capacidade

Em paridade com o mercado internacional, as medidas da Petrobras estimularam a importação, gerando ociosidade nas refinarias e aumento de preços na bomba. A Refinaria Abreu e Lima, em Suape, só produz 61% da capacidade

Publicado em: 02/06/2018 11:25 | Atualizado em: 02/06/2018 12:25

Unidade de refino em Pernambuco já operou em capacidade máxima, em 2016. Atualmente, tem 40% de ociosidade. Foto: Teresa Maia/DP


A gestão Pedro Parente encerrou nesta sexta-feira e a atenção voltou-se para a sustentação da política de preços adotada na sua passagem pela petroleira. Em paridade com o mercado internacional, a medida vem aumentando o preço dos combustíveis a partir de um reflexo que traz a tona um fator importante: a importação de combustíveis aumentou, reduzindo, assim, a participação da Petrobras no mercado nacional. Esse movimento gerou uma queda na produção brasileira. Para se ter ideia, a produção das refinarias nacionais já chegou a utilizar 94% da capacidade instalada. Hoje, esse fator de utilização está na casa dos 68%. A Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, por exemplo, já teve produção que estourou os 100% da utilização e hoje está operando em 61% da capacidade (março de 2018).

Os dados foram divulgados pelo Ministério de Minas e Energia (MME), solicitados por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Em relatórios da Agência Nacional do Petróleo (ANP), liberados na resposta ao pedido, o fator da utilização das refinarias em queda casa com o movimento de importação, em alta. Em 2016, um dos anos de maior atividade das refinarias nacionais (94%), o volume de diesel importado foi de 7,9 milhões de metros cúbicos (m3). Já em 2017, o volume importado no mercado internacional foi de 12,9 milhões de m3 de diesel, um aumento de 63%.

A despesa com a importação tinha reflexo no preço dos combustíveis na bomba, dentro da política de preços com ajuste diário, de acordo com a relação que inclui câmbio e cotação do petróleo. Em sua carta de demissão destinada ao presidente Michel Temer, Pedro Parente destaca que as suas ações tornaram a Petrobras uma empresa com reputação recuperada, indicadores de segurança em linha com as melhores empresas do setor e resultados financeiros muito positivos, como demonstrado pelo último resultado divulgado. Além disso, citou a dívida em franca trajetória de redução e um planejamento estratégico que tem se mostrado capaz de fazer a empresa investir de forma responsável e duradoura, gerando empregos e riqueza para o país.

Sobre a relação com a greve dos caminhoneiros, Parente citou que as graves consequências para a vida do país desencadearam um intenso e por vezes emocional debate sobre as origens dessa crise, colocando a política de preços da Petrobras sob intenso questionamento. “Poucos conseguem enxergar que ela reflete choques que alcançaram a economia global, com seus efeitos no país. Movimentos na cotação do petróleo e do câmbio elevaram os preços dos derivados, magnificaram as distorções de tributação no setor e levaram o governo a buscar alternativas para a solução da greve, definindo-se pela concessão de subvenção ao consumidor de diesel”, colocou. “Novas discussões serão necessárias. E,
diante deste quadro fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente”, complementou.


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