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Em processo de venda de ativos, Petrobras precisará mostrar tendência sobre o refino

Mudança nos preços na negociação com caminhoneiros desvaloriza os ativos. Então, a comunicação vai precisar ser clara sobre a utilização de refinarias ociosas

Publicado em: 02/06/2018 11:50

Depois do mais um incêncio a ser apagado na estatal, a substituição de Pedro Parente na presidência vai além de um cargo. Em curso com um processo de venda de ativos de refino, a atração ao investidor fica ainda mais incerto. A Petrobras vai precisar sinalizar para os investidores como será a mão do governo na petroleira a partir de agora, para corrigir os preços do mercado interno. Na negociação com caminhoneiros, já foram dados dois meses de congelamento de preço e redução no valor em R$ 0,46. De acordo com especialista ouvido pelo Diario, a comunicação vai precisar ser muito clara, mas que a política de preços de Pedro Parente deve voltar, ainda que seja em médio ou longo prazo.

O especialista Jefferson Prado, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, pontuou que o governo deu sinais no acordo com os caminhoneiros de que o preço pode ser mexido e isso é um ponto de desvalorização dos ativos de refino. Se a estratégia for mesmo vender, vai ser vendido de qualquer jeito, mas com valor baixo. “A Petrobras tem uma séride de ativos ruins, planejados para venda há anos. As refinarias estão produzindo abaixo da capacidade e se forem reocupadas na estratégia de reduzir a importação para equilibrar os preços internos, vai precisar de uma boa comunicação para o mercador entender essa utilização”, pontuou.

Segundo ele, a Petrobras precisa responder como vai ficar o setor de refino. “Vai vender ou essa crise atual vai fazer repensar na possibilidade de manter os ativos de refino sob controle da Petrobras. Isso vai precisar ser dito de forma transparente se ainda quiser receber investimentos do setor privado. A questão é que, nesse momento, a Petrobras não sabe, porque atualmente o movimento é em torno de política. O curto prazo é muito curto mesmo e decisões não podem ser tomadas sem um comando claro”, completou.

Ainda de acordo com Prado, em algum momento, a política de preços deve voltar. “É alinhada com o mercado internacional que a Petrobras mostra que está de acordo com as boas práticas e que resulta em lucros. Uma hora o movimento da Petrobras com as refinarias vai levar a isso. Só precisa ver em quanto tempo”, acrescentou. A Petrobras foi procurada, mas não informou se o calendário de venda de ativos está mantido. Além disso, não informou qual será o fator de utilização das refinarias nacionais.
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