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Bicicletas compartilhadas sem estações de travamento

Serttel criou um novo sistema de compartilhamento, no qual as bikes têm travamento próprio e podem ser liberadas e devolvidas em áreas predefinidas

Publicado em: 16/06/2018 11:00 | Atualizado em: 15/06/2018 10:39

Angelo Leite afirma que novo sistema facilita encontrar a bicicleta e permite viagens mais flexíveis. Foto: Thalyta Tavares/Esp.DP

A Serttel, empresa pernambucana pioneira na América Latina em sistema de bike sharing, criou um novo sistema de compartilhamento de bicicletas e a novidade é que elas não precisarão de estações de travamento. As próprias bicicletas têm um sistema de travamento próprio e podem ser liberadas ou devolvidas em áreas pré-determinadas na cidade. O novo modelo já está sendo testado em Fortaleza, no Ceará, como projeto piloto e se prepara para ser implementado em São Paulo. Ainda não há previsão de chegada no Recife, já que a capital pernambucana ainda não tem uma legislação que regulamenta o uso de sistemas diferentes para bikes compartilhadas, mas a possibilidade não está descartada.

Para Angelo Leite, presidente da Serttel, esse novo sistema é uma evolução do projeto de bicicletas compartilhadas. "As estações são conectadas à internet e, com a evolução da internet das coisas, todo o sistema de controle e travamento vai para a própria bicicleta. Na China já se usa muito e também já está evoluindo para a Europa e Estados Unidos. É bom porque é mais fácil de localizar a bike e as viagens podem ser mais flexíveis e feitas de uma porta para outra", explica. A bicicleta tem um GPS e o aplicativo localiza a mais próxima. "O usuário vai até ela, um código de barras é lido através do celular, a informação vai para o sistema e volta para a bicicleta e ela destrava com um sistema mecânico que tem na roda dela. Ela pode ser usada e, ao finalizar a corrida, a viagem deve ser encerrada e a bike travada", detalha.

Para cada projeto a ser implantado, podem ser feitas aplicações específicas. "Do ponto de vista tecnológico, podemos fazer qualquer coisa. Os projetos mais tradicionais têm uso limitado em uma ou duas horas, mas outros permitem até que a bicicleta seja levada para casa. A questão é que a tarifação é feita pelo tempo de uso", afirma Angelo Leite. A questão da segurança também foi levada em consideração. "Se existem roubos nas estações, este tipo de sistema é mais vulnerável porque a bicicleta não está presa. De todo jeito, ela é completamente monitorada, há condição de rastreio e isso pode ser um inibidor. Além disso, o custo da implementação, por não precisar das estações, é mais barato e suporta um pouco mais roubos e vandalismo por compensar nos custos", ressalta.

Outro ponto importante é o da organização da cidade e, para isso, as bicicletas só poderão ser deixadas em pontos específicos da cidade, estabelecidos nas normas."O sistema vai indicar os pontos da cidade onde as bikes podem ser deixadas e, se estiver fora da área, o aplicativo não permite. Além disso, se o usuário deixar de forma não adequada, a empresa precisa retirá-la em até 48h porque as operadoras têm a responsabilidade da limpeza. Mas vale lembrar que o usuário não consegue finalizar, então a tarifação segue", completa. Justamente por conta desta regularização que o sistema será implantado de forma gradual nas cidades brasileiras, já que são necessárias normas de uso.

Sistemas tradicionais que utilizam estações continuarão sendo utilizados. Foto: Cristiane Silva/Esp.DP/Arquivo

Cidades precisam regulamentar normas específicas

O sistema de compartilhamento de bicicletas sem estações já está em funcionamento em Fortaleza, no Ceará, no projeto piloto Bicicletar Corporativo. Através dele, os funcionários da prefeitura têm acesso às bicicletas para deslocamento para reuniões e no trajeto entre a casa e o trabalho. "São 50 bikes usadas pelos servidores para circular entre as secretarias e elas podem ser travadas e destravadas nesses locais de forma livre", conta o presidente da Serttel. O novo sistema está previsto para chegar em agosto na capital paulista. "São Paulo fez uma legislação específica para bicicletas compartilhadas permitindo que operadores possam implementar o projeto com sistemas diferentes. É uma evolução na legislação da cidade para oferecer mais possibilidades", garante Angelo Leite. Para ele, o exemplo da capital paulista pode ser um incentivo para as demais cidades brasileiras, inclusive para o Recife. "As cidades estão estudando e evoluindo muito rapidamente e, com o início em São Paulo, outras cidades vão entender a concepção de novas regulamentações, para sistemas com estações ou sem", acredita.

Modelos
A Serttel conta com um grupo de 40 engenheiros no Parque Tecnológico de Eletroeletrônica de Pernambuco (Parqtel) que trabalha em vários produtos, com investimento anual em todos eles de R$ 3 milhões. A empresa pernambucana fabrica, implanta e opera sistemas de bicicletas compartilhadas, integrando aos sistemas de transporte e de estacionamentos públicos, oferecendo alternativas mais sustentáveis. E, mesmo com a criação do sistema de bicicletas compartilhadas sem estações para travamento, a Serttel, que atua em todo o país, vai manter o sistema mais tradicional, com as estações.

"Estamos começando a colocar no mercado opções de sistemas sem estações ou discutindo esse sistema. Mas a ideia é poder utilizar ou não as estações de travamento", explica Angelo Leite. Os sistemas de compartilhamento de bicicletas são ações do poder público local em parceria com a iniciativa privada. Já foram implantadas 1.025 estações, contratadas 10.420 bicicletas e, até abril deste ano, foram registrados cerca de três milhões de cadastros.

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