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Alternativa para alimentar o rebanho e minimizar prejuízos

Sementes de sorgo forrageiro estão sendo distribuídas em regiões do semiárido. Uma estratégia mais viável economicamente e com duração mais longa

Publicado em: 24/06/2018 10:00 | Atualizado em: 21/06/2018 19:47

Tito Ferraz diz que foram plantados diversos tipo da espécie e todos tiveram boa colheita ao longo do ano. Foto: IPA/Divulgação

Estudo da Confederação Nacional dos Municípios estima em R$ 104 bilhões o valor do prejuízo para o Nordeste causado pela seca entre os anos de 2012 e 2015. As chuvas ainda não chegaram ao nível adequado e as consequências da falta de chuvas ainda podem ser vistas nas plantações da região. Em Pernambuco não é diferente e são muitos os produtores que estão em busca de soluções para minimizar os prejuízos. Umas das alternativas que vem sendo implantada é a adoção do chamado Sorgo Forrageiro, como saída de convivência com o semiárido, no tocante ao enfrentamento da escassez de alimento para o gado.

"O sorgo é uma planta de origem africana, da mesma família botânica do milho, que é utilizada na alimentação animal, principalmente de bovinos. A espécie forrageira possui adaptação climática do Agreste ao Sertão de Pernambuco", detalha o supervisor de extensão rural da gerência regional do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) de Serra Talhada, Tito Antonio Ferraz. Estimativas apontam que a produção do sorgo forrageiro alcance de 10 a 15 toneladas por hectare de matéria seca. Esta produção atende às necessidades de consumo de seis a oito animais adultos durante um período de cinco meses.

Esta tem sido a aposta do IPA desde o ano passado para enfrentamento da seca. Sementes selecionadas da cultura estão sendo distribuídas desde o ano passado priorizando produtores e associações que apresentam alguma condição de irrigação. Até maio deste ano, foram 3.500 quilos distribuídos. Em 2017, foram entregues 5.500 quilos. Pelo levantamento do IPA, ao todo, 1.297 famílias realizam o plantio, chegando a 763 hectares de plantação de sorgo, sendo 456 hectares em sequeiro e 307 irrigados. "Também começamos a trabalhar nas áreas de sequeiro, utilizando, quando possível, irrigação complementar", pontua.

A ação inclui ainda a realização de palestras, dias de campo e demonstrações no sentido de viabilizar não apenas a plantação, mas o processo de silagem utilizando o sorgo juntamente com o milho, a cana de açúcar, capim elefante e as forrageiras. "Nas diversas áreas cultivadas que acompanhamos, percebemos comportamentos distintos do sorgo uma vez que foi plantado irrigado, de sequeiro, consorciado com milho, com adubação nitrogenada através da aplicação de ureia, sem adubação e com adubação orgânica sem quantidade definida. Todos produziram bem e dentro das expectativas geradas considerando o espaçamento utilizado, condições hídricas e de solo", explica Tito Antonio Ferraz.

Armazenamento para garantir períodos sem chuvas

A distribuição de sementes de sorgo forrageiro tem proporcionado inclusive o surgimento de áreas cultivadas em regiões como Custódia, Serra Talhada e Floresta. Com isso, uma prática que tem ganhado mais adesão é a da ensilagem, principalmente com a popularização do armazenamento em sacos. Atualmente, a produção de silagem é de 5.043 toneladas, efetuada por 854 famílias.

"Neste processo, o sorgo colhido é triturado e acrescentamos um pouco de cana-de-açúcar ou de milho, além de outras plantas que já têm um cultivo bem difundido nas áreas de baixios e margens de rios e riachos. Esse material é ensacado e pode ser guardado por um período de seis meses a um ano. Isso dá uma segurança maior para o período de seca", ressalta o supervisor de extensão rural da gerência regional do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) de Serra Talhada, Tito Antonio Ferraz.

Para se ter ideia, uma boa silagem de sorgo tem condições de garantir uma produção diária de sete litros de leite por vaca, sem necessidade de fornecer concentrado. "A seca, além da escassez dos alimentos, gerou um reajuste dos preços que também prejudica o produtor. A saca do milho, por exemplo, quase triplicou de preço. No Nordeste, são seis meses que chove e seis meses sem chuvas. Então, é preciso garantir o alimento dos animais para esse período. Quando começa de julho em diante já começa o período de escassez de alimento. É exatamente aí que temos que produzir essas culturas e alternativas de alimentação ao rebanho", pontua Tito Ferraz.
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