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Incerteza

Cenário coloca em risco venda da refinaria Abreu e Lima

Movimento dos caminhoneiros e sinais de mudança no valor dos combustíveis pode gerar insegurança nos investidores

Publicado em: 26/05/2018 10:40 | Atualizado em: 26/05/2018 11:06

Depois de sofrer intervenções no preço por parte da Petrobras, clareza do controle das refinarias à venda ficou em xeque no olhar de investidores. Foto: Teresa Maia/DP

A semana turbulenta para a Petrobras mexeu com o planejamento do processo de parcerias na área de refino, que trata da venda de 60% dos ativos de quatro refinarias nacionais, entre elas a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. Na quarta-feira, a etapa de liberação de documentos com informações confidenciais aos investidores em potencial foi adiada para a próxima segunda-feira. Outro movimento,
dessa vez da própria empresa em reduzir o valor do diesel nas refinarias para negociar com os manifestantes pelo fim da greve, acendeu um alerta para a insegurança dos ativos que estão à venda. De acordo com especialista ouvido pela reportagem do Diario, interferências externas, políticas ou de governo, geram desconfianças no mercado, provocando recuos dos investidores. A Petrobras tenta neutralizar esse risco, pontuando que a decisão teve caráter de exceção.

O especialista Jefferson Prado, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, explicou que o processo de venda de ativos é longo, precisa ser bem amarrado e sem ruídos, para que o investidor não tenha insegurança. Qualquer ponto ou decisão que tire a clareza do processo pode tirar investidores do circuito, além de derrubar o preço do ativo à venda.

“Primeiro que não dá para falar de privatização em um momento em que a Petrobras está cuidando de apagar um incêndio. Depois de resolver essa crise, ela pode se voltar ao programa de venda de ativos de refino. O problema é que a operação está diretamente ligada à política, que por si só gera incertezas, principalmente em ano de eleições, em que não se sabe a postura de quem vai assumir o governo a partir do ano que vem”, destacou.

Outro ponto, segundo Prado, são as decisões do governo e o que ele vai fazer com o ativo. “Como ocorreu na decisão de reduzir em 10% no diesel das refinarias para resolver o problema dos manifestos. Como o investidor vai olhar essas decisões? Vai colocar dinheiro em um ativo que o governo vai interferir a partir de razões externas? O investidor que entrar só compra se o ativo estiver muito barato. É um processo de venda que vai gerar vários atrasos no cronograma previsto. Qualquer risco ou incerteza gera medo no investidor”, complementou.

Em conferência com investidores na última quinta-feira, o presidente Pedro Parente foi questionado sobre a intervenção que a Petrobras realizou no preço do diesel, a partir de um movimento externo de mobilização. Também foi questionado sobre como fica a posição da Petrobras na venda de ativos de refino depois desse movimento de controle de preços. Em resposta, ele afirmou que a redução do preço
do diesel foi uma mudança pontual, em caráter de exceção, e não altera a política de preços da Petrobras. Sobre a venda dos ativos de refinarias, ele afirmou que nada muda em relação ao que foi anunciado aos investidores na proposta de parcerias na área de refino."

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