perfil empreendedor

A lição da multiplicação de R$ 300

Foi com esse valor que Danielle Morais começou o investimento no que é hoje a Leviora, fabricante de manteiga ghi, segundo ela, precursora em Pernambuco

Publicado em: 28/04/2018 08:30

R$ 300. Com esse dinheiro na mão, muitas pessoas escolheriam gastar com um fim de semana na praia, comprando roupas novas ou, até mesmo, poupando. Danielle Morais, então com 25 anos, tomou a decisão que mudaria sua vida ao dar o primeiro passo para a criação de sua empresa. Os R$ 300 viraram R$ 744, logo na estreia do produto no mercado, depois chegaram a R$ 1 mil e, daí em diante, multiplicaram-se e se transformaram em um patrimônio chamado Leviora, segundo Danielle, a precursora na produção de manteiga ghi em Pernambuco e líder no mercado local.

Essa história dos R$ 300 é quase um mantra para Danielle, que faz questão de sempre reforçar em suas conversas. Um exemplo de que é possível empreender com tão pouco.  

O princípio do negócio ocorreu em 2014, quando morava com os pais em uma fazenda na Guabiraba, onde foi criada. Essa convivência no campo foi fundamental para influenciar Danielle a escolher o caminho a seguir. Arquiteta de formação, sempre soube que seu destino era empreender. Aí surgiu uma ideia embrionária de fazer algo que compreendesse seu estilo de vida "natureba", como a empresária mesmo denomina. No início, o objetivo era produzir pão na versão light. 

"Cresci e morei muitos anos na fazenda dos meus pais, onde era a fábrica até pouco tempo, e me acostumei a me alimentar de comida orgânica. Mas sempre escutei as pessoas dizendo que comiam muito pão e engordavam e para emagrecer tinham que cortar o pão da dieta alimentar. Aí pensei que dava para transformar aquilo que eu comia em pão de macaxeira, batata doce, inhame, jerimum. Tudo que eu plantava e comia na fazenda", relembra a empresária.

Danielle então foi pesquisar e estudar sobre o assunto. Resolveu passar três dias em  São Paulo, em um evento, para entender como poderia fazer o produto sem glúten e lactose. "Lá, conheci uma empresa, da qual eu já havia pesquisado, que todos os seus pães eram produzidos com manteiga ghi. Pensei: 'Poxa, que gordura é essa? E aí fui pesquisar. Me apaixonei pelo produto completamente e fui fazer esse tipo de pão e manteiga ghi".

Foi só voltar de São Paulo para Danielle ter de encarar o primeiro desafio. Relutou no início, por achar que não estava pronta, mas foi convencida a participar do Mercado Casa Moda, uma feirinha na Galeria Joana D’Arc, no Pina. Em oito dias, deu entrada no registro da marca, na época BuonaVita, fez uma identidade visual para as embalagens, tirou o MEI (certificado de microempreendedor individual), pôs a mão na massa para produzir a manteiga ghi e os pães e ainda desenvolveu outro produto, uma biomassa de avelã. 

"Passei 48 horas acordada para poder estar com tudo pronto antes do evento". E a conta disso tudo? “Apurei R$ 744. Com esse dinheiro reinvesti em uma nova produção, apurei mil e poucos reais. E foi assim que fui crescendo. Eu digo às pessoas que, quando fui abrir a minha empresa, tinha R$ 2 mil em minha conta. Então, se eu passasse na rua e fosse comprar um açaí de R$ 10, ficaria só com R$ 1.990 para investir. Achei arriscado gastar o dinheiro inteiro. Achei justo então gastar R$ 300 e foi desse valor que a Leviora começou", revela Danielle.

Hoje, a marca já está presentes nas prateleiras de  lojas de produtos naturais e vários supermercados pernambucanos, inclusive grandes redes. "Não adianta produzir uma manteiga saudável, mas que não tem sabor. As pessoas vão terminar rejeitando. Por isso, hoje as pessoas consomem Leviora. Não manteiga ghi. Minha intenção era justamente essa". 

Danielle evita falar em números de produção e faturamento, mas deixou uma pista. "No primeiro um ano e meio de empresa, tive um faturamento de R$ 500 mil. Para quem começou com R$ 300…", diz a empresária, sorrindo.  
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