Observatório econômico

PIB volta a crescer

Publicado em: 04/03/2018 08:00 | Atualizado em: 01/03/2018 20:15

Por André Magalhães (*)

André Matos Magalhães é professor do Departamento de Economia da UFPE. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou na semana passada o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) para 2017. O PIB foi de 6,6 trilhões de reais, um crescimento de 1% em relação a 2016, em termos reais. Isso significa que voltamos a crescer depois de dois anos muito ruins (quedas de 3,5% no PIB em 2015 e 2016).

O número não é alto, mas é significativo para o momento que o País vem passado. No início do ano passado as expectativas eram de um crescimento do PIB de 0,5%. Havia esperança, mas ela era contida. Muitas incertezas econômicas e muitas turbulências políticas.

E o que ajudou a economia a voltar a crescer? Vários fatores colaboraram com esse número. Fomos beneficiados por uma safra particularmente boa, que elevou a produção total e ajudou a reduzir os preços dos alimentos. O crescimento da agropecuária foi de 13%! Serviço (0,3%) e indústria (0,0%) contribuíram pouco, mas não apresentaram variação negativa. O que já é um alívio.

A inflação de 2017 foi baixa, 2,95%. Abaixo da meta e menor nível desde 1998. A média geral foi baixa porquê alguns preços caíram. Esse foi o caso dos alimentos. Feijão, arroz e outros produtos tiveram redução de preço, aliviando o bolso do consumidor.

As expectativas melhores e mais confiança na economia, aliadas a uma taxa de juros mais baixa, ajudaram a elevar o consumo e o comércio foi beneficiado por isso. As pessoas voltaram, ainda que timidamente, a comprar. O cenário externo também ajudou. No final, o ano acabou sendo melhor do que se esperava.

2018 começou uma inflação muito baixa e uma taxa de juros no seu mínimo histórico. Bons sinais. Entretanto, nem tudo são flores. O desemprego ainda está alto e com um nível elevado de emprego informal. A recuperação da renda está sendo lenta. Para complicar ainda mais, temos as incertezas de um ano eleitoral que afetam as expectativas do mercado.

No Nordeste, em Pernambuco em particular, as dificuldades persistem. A economia da região sofre com a crise e continua a sua recuperação lenta. Continua sendo difícil encontrar empregos. Além disso, a situação financeira dos estados e municípios da região também não gera alegrias. Muitos estão praticamente falidos e esperam uma ajuda, que talvez não venha, por parte do Governo Federal. Afinal, nem todos tem o apelo e a força do Rio de Janeiro para obter recursos federais.

Com tudo isso, não é de se estranhar que, apesar dos números gerais serem melhores, ainda há um sentimento de que as coisas não melhoraram. Há até um certo, e talvez justificado, mau humor. Difícil achar que as coisas estão melhores quando as pessoas não sentem isso nas suas vidas.

Será necessário aguentar um pouco mais. De fato, saímos da recessão. As empresas estão prontas e ávidas para produzir. As pessoas desejam retomar os padrões de consumo que tinham até recentemente. Infelizmente, não há soluções mágicas na economia. Os erros das políticas recentes foram grandes e o seus efeitos negativos também. Seria bom não esquecermos disso no futuro quando fizermos nossas escolhas.

(*) Professor do Departamento de Economia da UFPE.
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