Observatório econômico

Pensando Pernambuco

Publicado em: 26/03/2018 08:00 | Atualizado em: 23/03/2018 17:54

Por André Magalhães (*)

André Matos Magalhães é professor do Departamento de Economia da UFPE. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
Essa semana eu tive duas experiências interessantes, não necessariamente conectadas, mas que remetem ao futuro econômico de Pernambuco. A primeira foi no seminário Pense! Pernambuco. A outra foi numa visita ao IPECE (Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará), no Ceará. Vou tentar fazer sentido das duas e aceitar a provocação do seminário.

Na terça passada o Pense! Pernambuco recebeu o economista Luciano Coutinho para falar sobre o “Brasil e o Futuro”. O projeto, promovido pelo Porto Digital, com o apoio da AD Diper (Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco), se propõe a debater os caminhos e perspectivas de longo prazo para Pernambuco e para o Brasil. Estive nos dois primeiros eventos e achei ambos enriquecedores.

No encontro da semana passada o professor Coutinho apresentou um panorama do futuro da indústria. Os caminhos que o mundo está seguindo, a indústria 4.0 e as possibilidades abertas. O foco da conversa foi na indústria, mas ficou claro que podemos falar de serviço e outras áreas. Ficou claro também que Pernambuco tem elementos que podem ajudar a embarcar nesse novo processo. Temos base, o próprio Porto Digital, universidades, pessoas capazes em diversas áreas.

Uma questão que se impõem, a partir das conversas do seminário, é a de que modelo de desenvolvimento devemos pensar hoje se quisermos ir na direção correta. Inevitável questionar se já tomamos esse caminho. Estamos buscando desenvolver as habilidades necessárias? Estamos voltados a ajudar o desenvolvimento de empresas que atuarão nessas áreas do futuro?  Ou ainda estamos olhando para o modelo de atração de empresas tradicionais com foco na geração de emprego hoje?

A segunda experiência foi na visita ao IPECE. O IPECE, que está completando 15 anos, tem como missão propor políticas públicas para o desenvolvimento do Ceará. O instituto se propõe a gerar conhecimento e assessorar o Governo do Estado em suas decisões estratégicas. O diferencial aqui é que se montou um quadro de jovens pesquisadores que trabalham na geração de estudos, avaliações de políticas públicas, proposição de políticas, todas com foco no Estado.

Acompanho à distância o trabalho do IPECE há tempos, mas foi a primeira vez que visitei a instituição. É visível o esforço para geração de informações. Numa ação mais recente, um projeto prevê uma ligação da academia com a gestão pública, trazendo pesquisadores com comprovada excelência para dentro da gestão, mas com o papel de produzir estudos e aumentar a eficiência. Em outra, cria-se o Big Data Ceará, unindo todas as informações e base de dados do Estado.

Sinto falta de algo nesses moldes aqui. Temos massa crítica em Pernambuco. Temos bases para ousar, buscar estratégias que nos permitam ingressar na economia do futuro. Iniciativas como o seminário Pense! Pernambuco jogam uma semente fundamental, mas acredito que precisamos de uma forma mais sistematizada de organizar as ideias, gerar propostas e avaliar as políticas implementadas. Precisamos pensar Pernambuco de forma moderna e permanente.

(*) Professor do Departamento de Economia da UFPE.
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