Crítica

Brasil progride em inovação, mas ganhos têm sido limitados, diz diretora do MIT

Em Forum, pesquisadora apresentou alguns fatores que contribuem para os ganhos limitados da inovação no Brasil

Por: AE

Publicado em: 06/03/2018 14:33

O Brasil tem conseguido "progresso significativo" na agenda de inovação, mas os ganhos associados com essas políticas têm sido limitados, afirmou a diretora executiva do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Industrial Performance Center (IPC), Elizabeth Reynolds, que apresentou estudo da instituição norte-americana no Fórum Estadão Brasil Competitivo que recomenda uma agenda de seis prioridades para o Brasil acelerar suas estratégias de inovação.

A pesquisadora apresentou alguns fatores que contribuem para os ganhos limitados da inovação no Brasil. O principal deles é que o Brasil é pouco integrado à economia mundial e precisa estreitar esses laços.

Outra questão é que os programas de inovação são muito amplos e é preciso uma estratégia mais especializada. A diretora ressaltou ainda que os custos e riscos associados à inovação são muito altos. Nos Estados Unidos, ela mencionou que ao redor de 50% das startups acabam quebrando.

A recente crise econômica e política ameaça "descarrilar" a agenda de inovação brasileira, disse a diretora do MIT, destacando que o Brasil não pode se permitir ficar atrás dos progressos tecnológicos mundiais. Por isso, é preciso aproveitar a retomada da atividade econômica para voltar a avançar com a agenda.

"Inovação não acontece só em laboratórios ou na universidade, acontece em todo lugar", disse ela em sua apresentação no evento. Elizabeth Reynolds apresentou as conclusões dos estudos feitos no MIT e financiados pelo Senai de uma agenda de seis itens para priorizar a inovação no País. "O Brasil precisa de novos modelos e parcerias", disse ela.

Uma das principais recomendações do MIT é que o Brasil precisa assegurar que a política industrial apoie a inovação. Outra é reforçar o papel das universidades como fomentadoras de inovação. A diretora ressaltou ainda que é preciso apoiar inovações que estimulem um "ecossistema de inovações". Além disso, o País precisa se integrar mais ao mundo, ter acesso a fornecedores mundiais e aos centros internacionais de inovação.

O Brasil tem tido sucesso na inovação, mas criou "ilhas" no País um modelo que é difícil de sustentar, na medida em que o processo precisa ser mais integrado. Elizabeth destacou a necessidade de se estimular a trajetória de empreendedores, que estimulem negócios dentro do país e que essas empresas nascentes também operem no exterior. Ela ressaltou que nos Estados Unidos, empreendedores vendem suas startups a empresas e com o dinheiro levantado empreendem novamente e criam novas companhias.

A diretora ressaltou que é preciso que o Brasil crie estratégias de longo prazo em áreas que o País tenha vantagem comparativa, como energia renovável e extração de petróleo de águas profundas. "Com progressos nessas áreas vamos ver o Brasil em um lugar diferente em cinco a dez anos", disse ela ao concluir a explicação da agenda de seis prioridades.
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