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Feliz 2018!

Publicado em: 01/01/2018 08:00 | Atualizado em: 27/12/2017 20:35

Por André Magalhães (*)

André Matos Magalhães é professor do Departamento de Economia da UFPE. Foto: Tiago Lubambo / Divulgação
Normalmente, quando um ano acaba as pessoas diz que ele passou rápido. Não parece ter isso o caso de 2017. Uma das frases mais comumente ditas foi a de 2017 foi longo, já devia ter acabado. Uma injustiça, talvez.

2017 realmente foi difícil para muitos brasileiros. O desemprego permaneceu elevado, não se percebeu um aumento da renda e os problemas políticos não foram poucos. Muita incerteza foi colocada na economia a partir das, agora famosas, gravações em Brasília. Isso certamente afetou as expectativas econômicas, mexeu com os ânimos.

Mas, considerando de onde viemos, 2017 não foi um ano ruim. O triênio 2014-16 trouxe uma queda de quase 10% no Produto Interno Bruto real (PIB) do País. Ou seja, a economia regrediu. A produção caiu e com ela a renda e os empregos. Até 2017 vínhamos ladeira abaixo. Em 2017 paramos de cair, paramos de piorar.

O resumo de 2017 é bom, comparado ao passado recente. A expectativa de mercado é um crescimento do PIB próximo a 1%, uma inflação abaixo de 3% e uma Selic (a taxa de juros básica da economia) a 7%, uma baixa histórica. Em 2017 o desemprego parou de aumentar. A produção industrial voltou a crescer. Então, por quê ainda temos esse sentimento ruim em relação ao ano?

Talvez a primeira coisa a entender é que os números macroeconômicos são agregados. Parece óbvio, mas eles são médias. Em Pernambuco, por exemplo, o desemprego está mais elevado do que a média nacional. Temos, proporcionalmente, mais pessoas desempregadas. Sentimos mais fortemente a crise. Outro ponto, para quem ainda está desempregado, ou teve perda na renda, a situação ainda está muito ruim. Não importa muito que no agregado a economia está melhorando. As coisas vão melhorar, de verdade, quando os empregos chegarem.

O que 2017 representou foi uma transição. Enquanto País, começamos a sair do buraco. A condução da política econômica e as reformas que foram aprovadas nos deram a capacidade de virar o jogo. Isso nos permite entrar em 2018 com mais esperanças, com uma expectativa positiva a respeito da economia.

Mais uma vez olhando os números esperados pelo mercado, devemos crescer algo próximo de 2,7% em 2018, a inflação ficará sob controle (4% ao ano) e os juros poderão baixar ainda mais. Com a economia crescendo e os juros caindo deveremos ter mais consumo e mais investimentos, mais emprego e mais renda para as famílias.

Em suma, 2018 chega trazendo mais esperança, não apenas no sentindo geral que falamos todos os anos, mas no sentido econômico. Esperança de tempos econômicos melhores. Estamos deixando para trás uma das maiores, se não a maior, crise econômica já vivida pelo Brasil. Infelizmente, não há mágicas em economia. O processo de recuperação é lento e doloroso, mas já começou.

Agora é desejar, e trabalhar, para que 2018 seja realmente um ano muito melhor do que os últimos quatro anos. Feliz 2018 para todos nós!

(*) Professor do Departamento de Economia da UFPE.
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