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Bolsa reage com queda ao rebaixamento do Brasil, mas sem pânico

A S&P foi a primeira agência a conceder o grau de investimento para o Brasil, em 2007, e, em 2015, também foi a primeira a retirar a mesma nota

Publicado em: 12/01/2018 14:56 | Atualizado em: 12/01/2018 14:58

Às 12h30, a B3 estava em 79.038 pontos, com recuo de 0,41%. O dólar era negociado com queda de 0,34%, cotado a R$ 3,22 para a venda - Foto: Sergio Bazarghi/Fotosite

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) abriu o pregão desta sexta-feira (12/1) em queda, mas sem pânico, após o novo rebaixamento do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, anunciado ontem à noite. A entidade reduziu a nota dos títulos soberanos brasileiros de BB para BB-, três degraus abaixo no nível de bom pagador. A perspectiva passou de negativa para estável.
 
A notícia era esperada desde o fim do ano passado, quando houve o adiamento da reforma da Previdência para fevereiro. Às 12h30, a B3 estava em 79.038 pontos, com recuo de 0,41%. O dólar era negociado com queda de 0,34%, cotado a R$ 3,22 para a venda.

Em nota, a agência informou que que há grande incerteza relacionada à próxima eleição no país e criticou o “ritmo mais lento do que o esperado” nas reformas estruturais para melhorar o quadro fiscal do país. “Apesar de vários avanços políticos por parte do governo Michel Temer, o país teve um progresso mais lento do que o esperado ao implementar uma legislação significativa para corrigir os problemas fiscais e o aumento dos níveis da dívida de maneira oportuna”, destacou o comunicado. Agora, o Brasil agora está classificado no mesmo nível de países como Bangladesh e República Dominicana.

Lisa Schineller, diretora de ratings soberanos da S&P, e mais dois executivos da agência concederam uma entrevista pela internet hoje às 13h (horário de Brasília) para detalharem os motivos do novo rebaixamento. A executiva fez elogios rasgados ao Banco Central e sua credibilidade junto ao mercado por conseguir deixar a inflação, pela primeira vez, abaixo do piso da meta, de 3%. “Um dos pontos de credibilidade é a política monetária”, afirmou ela destacando como um dos principais pontos positivos da análise feita pela agência.

A executiva demonstrou preocupação com os escândalos de corrupção envolvendo integrantes do Congresso e do governo e reforçou os motivos apontados na nota para o rebaixamento. Ela destacou que, mesmo se houver a reforma da Previdência, ainda há muitos riscos fiscais envolvidos para que esse nota seja revertida ainda neste ano, como o descumprimento da regra de ouro. “Acreditamos que será muito difícil aprovar (a reforma da Previdência) neste ano”, disse ela, citando as dificuldades no ano passado, com os vários adiamentos da votação no ano passado, quando não houve o cenário de incertezas políticas em relação às eleições. “Outras medidas para melhorar o equilíbrio fiscal precisam ser implementadas”, afirmou.

A S&P foi a primeira agência a conceder o grau de investimento para o Brasil, em 2007, e, em 2015, também foi a primeira a retirar a mesma nota. O país perdeu o selo de bom pagador em setembro de 2015 e foi rebaixado pela segunda vez pela agência no início de 2016. As notas das demais agências norte-americanas, Moody´s e Fitch Ratings, estão a dois degraus abaixo do grau de investimento e a expectativa é que elas façam o mesmo que a S&P.
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