Emprego Fiscais identificam trabalho escravo em empresas contratadas pelas lojas da Animale e A.Brand O trabalho excessivo vinha sendo investigado desde setembro

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 19/12/2017 16:33 Atualizado em: 19/12/2017 20:15

Foto: Divulgação (Foto: Divulgação)
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Oficinas têxteis contratadas por duas grifes brasileiras, a Animale e a A.Brand, foram flagradas utilizando trabalho escravo de imigrantes bolivinos na capital paulista. A investigação foi divulgada pela Repórter Brasil, com base em dados do aplicativo Moda Livre.

De acordo com as informações divulgadas, os bolivianos recebiam em média R$ 5 por peça produzida, além de fazer jornadas de mais de 12 horas por dia de trabalho. Por ser considerada costura de "luxo", alguns peças acabavam custando R$ 698, de acordo com os fiscais de trabalho. Ambas as marcas fazem parte do grupo Soma. 

O trabalho excessivo vinha sendo investigado desde setembro pela equipe da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo e auditores da Receita Federal. 

De acordo com os fiscais que trabalhavam com o caso, as máquinas de costura ficavam ao lado da cama dos profissionais, estimulando ainda mais as longas jornadas de trabalho. No local, também crianças brincavam e dormiam entre as máquinas e pilhas de tecidos. 

Com esses flagrantes, o Brasil já conta com 37 marcas de roupa envolvidas na exploração de mão de obra nos últimos oito anos.

As lojas negaram as acusações e afirmaram que todos os fornecedores cumprem legislação trabalhista além de que o salário pago é "exponencialmente superior" aos R$ 5 relatados. 

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Leia na íntegra a carta do grupo em resposta ao caso

"No fim do mês de setembro último, recebemos em nossa a sede a visita de auditores fiscais do trabalho pertencentes ao núcleo de irradicação do trabalho escravo, dando conta de que haviam encontrado dez trabalhadores bolivianos laborando em condições degradantes em oficinas onde se encontravam produtos com as marcas Animale e A.Brand, pertencentes ao nosso grupo. 

Fomos surpreendidos com tal noticia, visto que o grupo não compactua e repudia a utilização de mão de obra irregular em sua cadeia de produção e afirma que todos os fornecedores da companhia assinam contratos em que se comprometem a cumprir a legislação trabalhista vigente e a não realizar a contratação de trabalhadores em condições degradantes e/ou irregulares, destacando ainda que toda a sua cadeia produtiva é fiscalizada por empresas especializadas para tanto.

Ato contínuo, mesmo sem receber qualquer evidencia das constatações e sem assumir responsabilidades trabalhistas pelos fatos levantados, o grupo se comprometeu a realizar uma ajuda humanitária a tais trabalhadores, em valor equivalente às verbas que receberiam se empregados fossem, o que foi aceito pelo Ministério do Trabalho e devidamente quitado em reuniões que aconteceram nos dias 05/10, 21/11 e 01/12 na SRTE/SP. O valor total quitado ultrapassou o montante de R$ 100 mil.

O grupo Soma recebeu na data de 15 de dezembro o relatório final da fiscalização realizada, analisará os fatos e irá se defender no prazo que lhe cabe, esperando que tudo seja devidamente esclarecido. 

O grupo Soma lamenta que suas marcas tenham sido associadas aos lamentáveis fatos, informando, por fim, que está colaborando com as autoridades públicas nas investigações e que vem tornando ainda mais rigorosa a fiscalização de sua cadeia produtiva"

Outros casos

Além das duas lojas do grupo Soma, outras empresas tambémforam flagradas trabalhando com mão de obra escrava. A Zara e M. Officer foram algumas delas. 

Diante do histórico, o aplicativo Moda Livre busca monitorar cerca de 119 marcas e empresas pela ferramenta, delas, 21 demonstram ter mecanismos de acompanhamento sobre a rede de fornecedores. Outras 55 não demonstraram adotar ações no mínimo adequadas para evitar casos de trabalho escravo.


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