Com uma produção de 10 milhões de ovos por dia, Pernambuco ocupa a quarta posição no ranking de estados produtores de ovos do Brasil e o primeiro lugar no ranking do Nordeste. O status de destaque foi atingido em 2016 e deve se repetir neste ano, uma vez que a expectativa da Associação Avícola de Pernambuco (Avipe), que reúne os principais produtores do setor, é que o estado registre um crescimento de até 10% nesses números até dezembro. A avicultura pernambucana também é um dos setores mais dinâmicos da economia local, pois se trata da segunda atividade mais importante da agropecuária estadual, logo atrás da cana de açúcar, gerando 150 mil postos de trabalho, entre empregos diretos e indiretos.

Além disso, a produção já é suficiente para abastecer toda a população pernambucana, caso cada pessoa consuma um ovo por dia. A média brasileira, porém, é de um meio ovo por pessoa/dia, o que dá 200 ovos por ano, bem abaixo da média mundial, cujo consumo é de 400 ovos por pessoa/ano. Ou seja, existe um espaço de 100% de crescimento do setor no Brasil.

É justamente focando nesse potencial de crescimento que os empresários produtores de ovos estão investindo no aumento e na automação das granjas. Esse é o caso de Fernando Vilela, dono da Granja Vilela, a quinta maior produtora de São Bento do Una, cidade do Agreste campeã no ranking de produção do estado. Hoje, ele tem 100 mil aves que produzem quase 90 mil ovos por dia, mas que aumentar em 20% sua produção e deve começar a construção de novos galpões ainda neste ano.

“Os dois aviários que estão sendo previstos, além de me permitir a ampliação da produção, também já estão sendo planejados com todos os equipamentos de automação necessários para que o ovo chegue sem grandes interferências no centro de produção, onde será embalado. Isso confere maior agilidade e menos perdas”, explica o empreendedor.

Segundo Vilela, que trabalha com agropecuária desde 1978 e hoje tem 42 funcionários, o investimento no projeto será de quase R$ 1 milhão. Apesar do esforço, o pecuarista assume que os maiores obstáculos para a ampliação da produção em São Bento do Una ainda são a falta de água na região e o custo alto da ração.  De acordo com ele,  atualmente, 50% de toda a água utilizada na Granja Vilela precisa ser comprada de outras regiões e isso encarece em quase 2% toda a produção. “Além disso, para a ração, precisamos trazer soja e milho de outros estados, o que encarece muito mais o processo, uma vez que a ração representa quase 70% dos nossos custos. Isso nos torna menos competitivos em relação aos produtores do Sudeste, principalmente de São Paulo, que são nossa maior concorrência também dentro do varejo pernambucano.”

Novo centro de formação profissional

A região do Araripe conta com um novo Centro de Excelência em Fruticultura do país. O equipamento, em Juazeiro, na Bahia, beneficiará também produtores do Sertão pernambucano, especialmente Petrolina, Santa Maria da Boa Vista, Orocó, Cabrobó, Lagoa Grande, Belém do São Francisco e Petrolândia. O projeto deve elevar o nível da fruticultura da região, pois viabilizará a capacitação técnica dos envolvidos nos processos produtivos.

O objetivo do centro é preparar profissionais para atender o elevado nível de sofisticação das operações e particularidades do agronegócio brasileiro. A unidade oferece cursos de formação inicial e continuada (FIC), técnico de nível médio e superior de tecnologia, presenciais e a distância. Um dos cursos oferecidos é técnico em fruticultura, que irá formar profissionais para planejar, executar e controlar os processos desse setor.

Vale ressaltar que o Vale do São Francisco é referência no fornecimento de frutas para os mercados interno e externo, com destaque para o cultivo de uva e mangas nas cidades de Petrolina e Juazeiro. Em seus 120 mil hectares irrigados são produzidos mais de um milhão de toneladas de frutas, gerando faturamento anual de cerca de R$ 2 bilhões. O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo. Os dois primeiros são China e Índia. “Diante dessas projeções, é de suma importância viabilizar o acesso do produtor a um completo espaço de formação, a fim de disseminar o conhecimento, inovação e incentivar a pesquisa e o empreendedorismo”, afirma o presidente da Federação da Agricultura de Pernambuco (Faepe), Pio Guerra.