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Desigualdade Igualdade salarial entre negros e brancos no Brasil levará 72 anos para ser alcançada, segundo estudo Pesquisa feita pela Oxfam utilizou dados coletados entre 1995 e 2015 sobre o crescimento de renda da população negra no país

Publicado em: 13/11/2017 11:29 Atualizado em:

Foto: Agência Brasil/Reprodução (Foto: Agência Brasil/Reprodução)
Foto: Agência Brasil/Reprodução
A igualdade de renda entre negros e brancos está longe de acontecer, infelizmente. Segundo estudo da Oxfam, entidade do Reino Unido que atua na área dos direitos humanos no seu país e em mais 94 nações, os dois grupos só terão uma equiparação salarial no Brasil em 2089. Os cálculos foram feitos se baseando no crescimento da renda da população negra entre 1995 e 2015, utilizando dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e da Pnad anual (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
Em resultado disso, no ano de 2015, os ganhos médios mensal de pessoas brancas era em torno de R$ 1.589 e das pessoas negras R$ 898. Ou seja, nos últimos 20 anos, os negros passaram a ter 57% da renda dos brancos, ante os 45% de 1995. E esses números poderiam ser piores, caso a Oxfam não levasse em conta o valor recebido por essa parte da população, vindo dos programas sociais. 

O estudo ainda aponta que 67% dos negros recebem menos de 1,5 salário mínimo, contra 47% dos brancos. O documento indica que cerca de 80% das pessoas negras ganham até dois salários mínimos. Da mesma maneira que acontece com as mulheres, os negros são menos numerosos em todas as faixas de renda superiores a 1,5 salário mínimo, e para cada negro com rendimentos acima de dez salários mínimos, há quatro brancos. A ONG teve como base a Pnad contínua do quarto trimestre de 2016 para chegar a esses números, levando em conta apenas a renda do trabalho. 

Outro ponto ressaltado foi o da mobilidade entre classes sociais para pessoas negras. As tímidas ascensões ocorreram entre a base da pirâmide e a classe média. Já entre as pessoas mais ricas, os índices seguem sem alteração alguma. Ou seja, em 20 anos, o os 1% que detém a maior parte da renda do Brasil, se mantém intactos no topo da pirâmide social.

Segundo o cientista político da Oxfam, Rafael Georges, é preciso que a educação seja inclusiva. Principalmente no acesso ao ensino superior. Ele ressalta três pontos: 
  1. Negros têm, em média, escolaridade muito mais baixa que a dos brancos, o que afeta o rendimento salarial, por não alcançarem tantas vagas em universidades; 
  2. Pais de negros têm pior formação, o que traz impacto negativo para a renda e a educação dos filhos;
  3. Discriminação racial, por haver diferenciação salarial entre negros e brancos dentro de uma mesma carreira.  
Além de políticas de inclusão educacional, como as cotas, ele ressalta que é preciso diminuir a evasão escolar e combater o racismo institucional.



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