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DP Empresas Assumindo o protagonismo Veículos e combustíveis puxam a pauta de exportação do setor produtivo de Pernambuco e especialistas acreditam que essas áreas só têm a crescer

Por: André Clemente - Diario de Pernambuco

Publicado em: 30/11/2017 22:49 Atualizado em: 30/11/2017 23:14

A balança comercial de Pernambuco vem consolidando a nova pauta de exportação dos setores produtivos locais. Veículos e combustíveis assumem definitivamente a liderança dos produtos que mais são vendidos para fora do Brasil e ainda sinalizam para um crescimento futuro para esses segmentos, puxados respectivamente pelas operações da montadora Jeep, em Goiana, e da Refinaria Abreu e Lima, dentro do Complexo Industrial Portuário de Suape. Somente neste ano, os dois setores foram responsáveis pela exportação de US$ 960 milhões, um volume que representa mais da metade do total de todo o estado na casa de US$ 1,6 bilhão neste ano.

Os dados são do Núcleo de Economia e Negócios Internacionais da Federação das Indústria de Pernambuco (Fiepe). O gerente de Desenvolvimento Empresarial da Fiepe, Maurício Laranjeira, reforça que os segmentos cresceram muito no último ano e têm margem para avançar mais. “São produtos que fazem parte de indústrias em operação e ainda tendem a crescer. Para se ter ideia, a Jeep já trabalha com a implantação de um novo carro na linha de produção da planta e tem capacidade ociosa para atender uma demanda nacional, que tende a vir com a melhora da economia. A Refinaria Abreu e Lima não concluiu sequer a metade da fábrica. Espera concluir o primeiro trem de refino até o fim deste ano e falta operar o segundo inteiro. Há muita margem para crescer, mesmo que o crescimento já tenha sido alto como mostrado nos balanços”, pontua.

Para se ter ideia, a exportação de carros cresceu mais de 135,92%, no comparativo do acumulado de 2017, contra o mesmo período de 2016. Já o setor de combustível teve um incremento de 16,50% no mesmo recorte comparativo. “Ainda vale ressaltar que os produtos que se firmam na pauta de exportação são de alto valor agregado, o que eleva o nível da produção industrial local”, reforça.

Na sequência do ranking de exportadores, aparece o plástico, seguido pelos clássicos açúcar e frutas. “A gente entende que os novos segmentos aparecem com força na pauta de exportação, mas é muito interessante observar que os clássicos continuam com a sua importância dentro da nossa economia. É o que ocorre com o polo de frutas do vale do São Francisco e a cultura da cana de açúcar, que já foi nosso principal produto exportado”. Sobre a safra da cana de açúcar, Laranjeiras prevê números bastante positivos neste ano. “A safra não foi quebrada com a seca, então o setor vai poder produzir na alta, em grandes volumes, o que deve aparecer de forma mais expressiva na nossa produção medida pelo PIB”.

Veículos voltam a pisar no acelerador

A produção industrial brasileira fechou o terceiro trimestre de 2017 com um crescimento de 1,6%, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo IBGE. O levantamento indica que o aumento na fabricação de veículos automotores foi o principal responsável pelo avanço. Neste ano, o setor acumula alta de 14,8% e, em relação a setembro de 2016, o aumento na produção foi de 20,9%. Em comparação com agosto deste ano, o setor cresceu 1%.

Pernambuco é um dos estados responsáveis por esse aumento de produção, já que desde 2015 abriga o Polo Automotivo Jeep de Goiana. Segundo a montadora italiana, a fábrica já gerou mais 8 mil empregos na região e tem capacidade instalada para produzir mais 250 mil carros por ano. O engenheiro André Dantas, responsável pela engenharia eletrônica dos carros produzidos no polo automotivo, foi um dos desempregados no estado que conseguiu trabalho com a chegada da marca ao Brasil.

Segundo ele, a fábrica é uma das mais modernas e tecnológicas do mundo e proporciona um crescimento profissional significativo. “Essa planta aqui foi concebida nos moldes de pegar os melhores princípios do WCM, que é o World ClassManufacture. É um selo de reconhecimento internacional que garante que a fábrica está apta a trabalhar nos melhores padrões do grupo inteiro”, conta.

Segundo estimativa do governo estadual, o polo automotivo responderá por 6,5% do PIB pernambucano até 2020 e injetará R$ 2,1 bilhões na massa salarial do estado. Além disso, os gestores também projetam a geração de 47,5 mil postos de trabalho diretos e indiretos.

Exportação cresce mais do que importação

Historicamente, Pernambuco sempre teve a balança comercial deficitária, por ser um exportador de matérias primas  e ter a cultura de importar vários produtos industrializados. Os novos produtos que entraram na pauta de exportação nos últimos anos começam o processo de virada da balança, por ter maior valor agregado.

Considerando os números de outubro deste ano, as exportações pernambucanas totalizaram US$ 229 milhões e as importações US$ 505 milhões, fechando o mês deficitário em US$ 275 milhões. Porém, se for observada a performance, as exportações pernambucanas apresentaram aumento de 34% em relação ao mesmo mês do ano passado. As importações também apresentaram aumento de 34% no mesmo recorte comparativo. No acumulado dos últimos 12 meses, a diferença é ainda maior. As exportações cresceram mais de 35% e somaram US$ 1,9 bilhão. As importações: US$ 5,5 bilhões e crescimento de 26%.
“Se tornar superavitária é uma questão que ainda é prevista para o longo prazo. Ainda temos uma grande cultura importadora e não será revertida no curto prazo”, explica o gerente de Desenvolvimento Empresarial da Fiepe, Maurício Laranjeira.

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