Comércio Na rota dos negócios da China Pernambuco desperta para os chineses um leque de oportunidades para investimentos nos próximos anos

Por: André Clemente - Diario de Pernambuco

Publicado em: 15/10/2017 13:47 Atualizado em:

Dentro de todos os cenários de instabilidade política e econômica brasileira, poucos países mantiveram a sede de investir por aqui como a China. Agora, o apetite aguçou. Além de serem entusiastas do país, o cardápio de ativos brasileiros está barato na oferta de privatizações anunciadas pelo governo Michel Temer. A relação próxima com Pernambuco faz a China pontuar diversos setores que podem receber investimentos diretos no estado e já alerta para o Nordeste como a principal região fora do eixo Sul-Sudeste. 

Nos próximos 12 meses, empresas chinesas pretendem aplicar entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões no Brasil e Pernambuco tem margem para receber uma fatia disso em diversos setores. Só para listar alguns “interesses”, geração e transmissão de energia de todos os tipos estão na lista, principalmente renováveis. Na infraestrutura, o radar vai de ferrovias, passa pela expansão do metrô e considera até o saneamento e, nas privatizações em vista, a China pode concorrer à administração do Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes - Gilberto Freyre e da Companhia HidroElétrica do São Francisco (Chesf).

De acordo com o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC), Charles Tang, Pernambuco sempre se mostrou um estado importante do Nordeste, principalmente pelo interesse nos últimos anos de se mostrar para receber aportes estrangeiros. E alguns potenciais já aparecem com clareza. “Pernambuco atua no setor de gás natural. Isso pode requerer uma planta flutuante de regaseificação, ou seja, um navio que faça o processo de transformação do gás e permita distribuir a energia que gerar. É uma área que a China atua e, se viesse para Pernambuco, exigiria investimentos de centenas de milhões de dólares, por exemplo”.

As possibilidades são diversas, segundo Tang. “Pernambuco poderia ter uma usina nuclear, poderia receber investimentos que ampliassem as regiões atendidas pelo metrô, poderia receber o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) conectando o Aeroporto dos Guararapes ao Centro da capital. Falta saneamento no estado, linhas de transmissão de energia e ferrovias”, elenca Tang, ampliando ainda mais o leque. “Na área industrial, poderia ter plantas de placas solares e de aerogeradores (eólica). Por que não uma fábrica de vergalhões para atender a construção civil? Não existe fábrica de trilhos, que é importante e não tem no estado”, cogita.

Em relação aos ativos em Pernambuco que devem entrar nos lotes de privatização do governo federal, como o Aeroporto  dos Guararapes e a Chesf, a sinalização é que a China deve concorrer. “A privatização é um sinal que o Brasil quer se modernizar, evoluir e se desprender de amarras que travam o país. A crise deixou os ativos brasileiros baratos e a China aposta no Brasil, apesar da falta de previsibilidade a longo prazo. O investimento se concretizará com a parceria, porque a China vai investir, mas precisa de uma ponta que entenda as oportunidades e os problemas do Brasil e das regiões. Afinal, a China ajuda na prosperidade dos países que entra, mas também quer ganhar”.

De acordo com os estudos do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), até 2016, cerca de 20 empresas chinesas anunciaram investimentos no Nordeste, com participação de áreas como automotiva (JAC Motors, Zotye), de infraestrutura (China Communications Construction Company), agronegócio (COFCO), energia (China Three Gorges), dentre outros.

 Tulio Cariello, coordenador de análise e pesquisa do CEBC, ressalta que, no ano passado, o Nordeste captou 17% dos projetos de investimento no Brasil, empatando em segundo lugar com o Centro-Oeste e ficando atrás de São Paulo: 56%. “Da mesma forma, o Nordeste se mostrou relevante nos anos anteriores: entre 2014 e 2015, respondeu por 12% dos investimentos e, entre 2012 e 2013, por 17%. Em Pernambuco, sabemos que estão presentes no estado empresas de máquinas e equipamentos e do setor automotivo, como Xuzhou Construction Machinery Group (XCMG), Shaanxi Automobile Group (SAG) e Shineray”.


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