Observatório econômico Economia melhorando

Publicado em: 10/09/2017 08:00 Atualizado em: 08/09/2017 17:13

Por André Magalhães (*)
 
André Matos Magalhães é professor do Departamento de Economia da UFPE. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
André Matos Magalhães é professor do Departamento de Economia da UFPE. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
Numa semana em que a política não ajudou, e não ajudou mesmo, os dados econômicos foram positivos para o Brasil. No início da semana, o IBGE divulgou dados da pesquisa de Produção Industrial Mensal para o mês de julho (alta de 0,8%), indicando o quarto mês consecutivo de crescimento. Estamos longe de recuperar os níveis anteriores à crise, mas isso já é melhor do que o que tivemos no passado recente, com quedas recorrentes da produção.

No meio da semana, o próprio IBGE divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto. A variação registrada foi de 0,19%. Essa foi a menor variação para o mês de agosto desde 2010, quando o índice foi de 0,04%. Considerando o acumulado do ano, o IPCA está em 1,62%. No mesmo período do ano passado, a variação tinha sido de 5,42%.

Em 12 meses, o índice acumulado é de 2,46%, abaixo do limite mínimo da meta do governo e o menor para o período desde fevereiro de 1999 (2,24%). Nenhuma surpresa aqui. A inflação está sob controle já há algum tempo. Parece pouco, mas no Brasil isso é algo importante, dado o nosso histórico de inflação alta e indexação.

Ainda do lado das boas notícias, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu na quarta-feira, dia 6, cortar a Selic (a taxa básica de juros) em 1 ponto percentual. Agora, a taxa é de 8,25% ao ano. Esse foi o oitavo corte seguido da taxa Selic e representa o nível mais baixo da taxa básica de juros em mais de quatro anos (a taxa chegou a 8% em maio de 2013).

Essas boas notícias têm afetado as previsões para o crescimento da economia, de acordo com os dados do Boletim Focus do Banco Central. No mês passado a expectativa de crescimento da economia brasileira era de 0,34%. Na semana passada o número já era de 0,5%. Muito pouco ainda, certamente. Mas, melhor do que as variações negativas que foram sentidas nos últimos dois anos.

Tudo considerado, pode-se dizer que há uma clara luz no fim do túnel. Estamos no caminho da recuperação econômica. Devagar, mas estamos. E esse talvez seja um ponto importante. Não há mágicas aqui. Nem grandes saltos.

A crise foi pesada para as empresas, mas trouxe ganhos de produtividade. Isso pode ajudar na retomada. Fizemos parte das reformas, o que também ajuda. Entretanto, a reforma da Previdência parou. Isso vai ser um problema para o próximo governo, e para a sociedade, se nada mais avançar nesse tópico.

Confirmado o crescimento previsto, os empregos começarão a voltar. A redução dos juros básicos começa a ser sentida no resto da economia. Os custos dos empréstimos começam a cair para as pessoas físicas e jurídicas. Mais fôlego para as famílias (consumo) e para as empresas (capital de giro e investimento).

Talvez também seja hora de pensar nos problemas dos governos estaduais e municipais. Quase todos enfrentam grandes dificuldades orçamentárias. O Rio de Janeiro é apenas o que mais chama atenção. Outros estão no mesmo caminho.

Enfim, ainda não é hora de comemorar, mas talvez possamos ficar um pouco mais otimistas e continuar enfrentando os problemas com realismo, sem esperar soluções mágicas nem milagres.

(*) Professor do Departamento de Economia da UFPE.

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