Negociações Shire perdoa dívida da Hemobras se ela ficar Empresa Shire abre mão de U$ 43 milhões para repactuar a PDP que permitirá dar continuidade à implantação da fábrica em Pernambuco

Por: André Clemente - Diario de Pernambuco

Publicado em: 29/08/2017 07:21 Atualizado em:

A Shire, empresa irlandesa associada à Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) na polêmica Parceria para Desenvolvimento Produtivo (PDP) para a fabricação do medicamento fator VIII recombinante, pode perdoar a dívida de US$ 43 milhões que a estatal acumulou nos últimos anos de contrato pelo fornecimento de medicamentos para atender a demanda do Sistema Único de Saúde (SUS). O “benefício” integra a proposta da empresa para repactuar a PDP e poder tocar a implantação da fábrica do medicamento em Goiana, na Mata Norte do estado, que inclui mais investimentos de até US$ 250 milhões. O Ministério da Saúde ainda analisa a proposta, enquanto Shire e Hemobrás aguardam. 

Em nota, a Shire afirmou, em resposta ao pedido do Tribunal de Contas da União (TCU), no âmbito da representação feita pelo Ministério Público Federal, que apresentou sua manifestação no dia 21 de agosto, informando o status atual da PDP, bem como os principais termos e condições da proposta de reformulação, que considera o compromisso de os investimento alcançarem US$ 293 milhões (US$ 250 milhões mais US$ 43 milhões), valor que supera aquele considerado pelo próprio Ministério da Saúde como necessário para a continuidade das atividades da parceria, mencionado em ofício enviado à Hemobrás. “Diferentemente do que noticiou recentemente o Ministro da Saúde, a decisão da Shire sobre o compromisso de investimento não se deu em razão da tentativa de suspensão da PDP.”

Ainda de acordo com a comunicação da Shire, foi apresentada ao MP/TCU uma Nota Técnica produzida pela Tendências Consultoria, que avaliou a proposta alternativa defendida pelo Ministério da Saúde, que cogitava levar para o Paraná a parte da fábrica que produzirá os medicamentos recombinantes. A ideia era um consórcio envolvendo o laboratório público Tecpar e a empresa Octapharma (além da própria Hemobrás e o Instituto Butantan).

Em comparação com a proposta de reformulação da PDP vigente apresentada pela Shire e pela Hemobrás, a nota da consultoria concluiu que a proposta da Shire é a que trará, além de outros benefícios, menor risco e maior economicidade para o Ministério da Saúde. “Tendências é uma das maiores consultorias econômicas do Brasil e conta com nomes renomados em seu board técnico, como Gustavo Loyola, doutor em economia pela EPGE-FGV e presidente do Banco Central por duas vezes, e Mailson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda entre 1988 e 1990, eleito Economista do Ano de 2013 pela Ordem dos Economistas do Brasil”, diz a Shire na nota. Segundo a Hemobrás, “a proposta de repactuação da Parceria de Desenvolvimento Produtivo entre Hemobrás e o laboratório Baxalta/Shire foi encaminhada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Ministério da Saúde e está sob análise técnica até o presente momento.”


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