Crédito Faculdades pernambucanas oferecem alternativas de financiamento Com a redução de vagas no Fies, bancos, fundos de investimento e as próprias instituições de ensino superior particulares estão oferecendo opções aos alunos

Por: Thatiana Pimentel

Publicado em: 23/07/2017 11:43 Atualizado em: 23/07/2017 17:26

Para Lorena Marques, 17 anos, aluna do segundo período de direito da Aeso, a decisão de qual faculdade cursar passou pelos financiamentos oferecidos (Julio Jacobina/DP)
Para Lorena Marques, 17 anos, aluna do segundo período de direito da Aeso, a decisão de qual faculdade cursar passou pelos financiamentos oferecidos
Com uma redução de 70% no número de financiamentos oferecidos nos últimos três anos, passando de 731 mil alunos em 2014 para 225 mil estudantes em 2017, e amplas mudanças nas regras, que foram anunciadas este mês, o Fies foi de certeza para dúvida na cabeça de quem luta por uma graduação e não tem como pagar as mensalidades. O rigor do crédito aumentou, tendo em vista, segundo o Ministério da Educação (MEC), os 46% de inadimplência atuais, além da própria crise econômica, que torna escassas as reservas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Com o gargalo no financiamento, bancos, fundos de investimento e as próprias instituições de ensino superior particulares estão ampliando e criando ofertas próprias para o universitário. Em Pernambuco, por exemplo, já são oferecidas sete linhas diferentes além do Fies, três delas criadas este ano, o que significa um aumento de 40% nas oportunidades de financiamento do estado apenas no primeiro semestre de 2017 (PraValer, Bradesco, Fundacred, Educred, PAR- Estácio, Fief e Financia Fácil).

Juntas, as linhas atendem quase 20 faculdades privadas locais, entre elas a Facipe, que lançou sua própria linha, a Fief, há seis meses. Alexsandro Nascimento, diretor administrativo financeiro da faculdade, explica que o crédito é uma resposta das grandes instituições privadas de ensino à nova realidade do Brasil, que é o financiamento estudantil superior com recursos públicos cada vez mais raro e com critérios de concessão mais complexos. Segundo ele, a tendência é mais as instituições privadas, isoladas ou em parcerias com entidades financeiras, passarem a oferecer financiamento próprio. "Como é o caso do Fief, parceria entre o Grupo Tiradentes (da qual a Facipe é membro) e a Lecca Financeira", resume.

Para Amábile Pácios, diretora da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), o fato é que não vai se retornar aos números de financiamentos públicos estudantil de 2014, então, as instituições de ensino privadas estão se movimentando para descongelar o número de estudantes matriculados, que está parado desde 2015. "O Fies já está tão difícil que na última seleção, das 150 mil vagas, 43% não foram preenchidas porque os estudantes não estão sendo aprovados na documentação." Ao mesmo tempo, a diretora da Fenep acredita que a inadimplência do Fies não será reproduzida nos fundos privados. "Apesar de menor burocracia, eles têm exigências maiores em relação às garantias de pagamento."

O crédito, porém, precisa de cautela. Janaína Barbosa, hoje com 29 anos, que concluiu o curso de relações públicas  da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) em 2005 e já nessa época utilizou o então FundAplub (hoje Fundacred), só conseguiu se formar por causa do financiamento. Em compensação, pagou o valor de um carro. "Meu curso custava uns R$ 800 e usei um crédito de 50% nos quatro anos. Efetivamente usei R$ 19 mil e tive que pagar R$ 30 mil. Como não arrumei emprego formada, usei a carência de um ano para começar a pagar e ainda me atrasei muito em várias prestações". Ao todo, foram 10 anos pagando as parcelas.

Já para Lorena Marques, 17 anos, aluna do segundo período de direito da Aeso, a decisão de qual faculdade cursar passou pelos financiamentos oferecidos."Peguei as informações, conversei com meus pais e fechamos contrato de 50% no setor financeiro da faculdade. Foi simples e me animou muito", detalha. Ela, porém, sabe que a responsabilidade do pagamento é grande. "Não quero deixar tudo para depois. Quero estagiar e começar a pagar", finaliza.

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