São Francisco Sinal verde para destravar transposição Governo recorre ao STF e libera obras de trecho que vai levar as águas do São Francisco das cidades de Cabrobó, no Sertão de Pernambuco, a Jati (CE)

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 21/06/2017 07:47 Atualizado em:


O Ministério da Integração Nacional conseguiu autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para tocar as obras de um trecho de 146 quilômetros da transposição do Rio São Francisco, última etapa que falta para concluir o empreendimento que leva água para região do Sertão do Nordeste. Os canais entre as cidades de Cabrobó, no Sertão pernambucano, e Jati (CE) se localizam exatamente no trecho de tomada de água do São Francisco. As obras, paradas desde 2016, foram vencidas no passado pela construtora Mendes Júnior, mas a empreiteira abandonou a construção por problemas de financiamento após envolvimento no esquema de corrupção investigado na Operação Lava-Jato. Ontem mesmo, o presidente da República em exercício, Rodrigo Maia (DEM-RJ), autorizou o reinício das obras.

A decisão da ministra Cármen Lúcia atendeu a um pedido apresentado pelo Ministério da Integração por meio da Advocacia-Geral da União. Cármen Lúcia decidiu suspender uma liminar dada em abril pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que paralisava a licitação para contratação das obras, atendendo a alegações de uma das concorrentes na disputa. No último dia 13, Cármen recebeu o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) e governadores da região Nordeste, que fizeram um apelo pela retomada da obra.



RETOMADA
Com a autorização do STF, o Ministério da Integração pretende retomar as obras imediatamente. “Nossa expectativa é ter trabalhadores em campo já na primeira semana de julho. Pelo cronograma, essa obra deve ser concluída em até 12 meses, mas vamos trabalhar para que ela possa ser concluída até o fim deste ano”, disse o ministro da Integração, Helder Barbalho.

O último trecho da transposição tinha previsão de ser entregue em setembro deste ano, mas acabou paralisado por sucessivos questionamentos judiciais em seu processo licitatório. Em abril, o primeiro colocado na disputa, um consórcio formado pelas empresas Passarelli, Construcap e PB Engenharia, foi desclassificado por critérios técnicos, embora tivesse apresentado a melhor proposta, de R$ 441,8 milhões, um deságio de 23% em relação ao valor estabelecido pelo governo, de R$ 574 milhões. O segundo colocado, formado por Marquise, Ivaí Engenharia e EIT, foi inabilitado pelo mesmo motivo.
O Ministério da Integração Nacional passou a negociar, então, com o terceiro colocado, o consórcio Emsa-Siton, com o qual acabou fechando a proposta. A conclusão do trecho norte viabiliza a chegada das águas até o Ceará.

Obras do trecho estão paralisadas desde 2016. Foto: Annaclarice Almeida/DP
Obras do trecho estão paralisadas desde 2016. Foto: Annaclarice Almeida/DP


NADA DE ESTATAL FEDERAL
O governo desistiu da ideia de criar uma estatal federal para administrar as águas e operações da transposição do São Francisco, como se previa anos atrás. A ideia é que o empreendimento iniciado há dez anos seja administrado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que já atua no projeto.

Helder Barbalho confirmou, porém, que o governo tem planos de criar uma parceria público-privada (PPP) para tocar o empreendimento. “Isso está sendo pensado com o BNDES, para verificarmos a viabilidade de ter uma gestão privada”, disse Barbalho. “O BNDES está na fase de contratação de estudo. Hoje vamos usar a Codevasf, que já tem uma estrutura pronta, capaz e já atua no projeto.”


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