Tributos
Dia dos namorados: o governo está de olho no seu presente
Mais de 50% do preço dos presentes mais procurados pelos apaixonados são compostos por tributos. Em alguns casos, chega a quase 80%.
Publicado em: 12/06/2017 15:20 Atualizado em: 12/06/2017 15:57
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| Data é considerada a terceira melhor data para o comércio nacional, atrás do Natal e do dia das mães. Foto: Ricardo Fernandes/DP |
Tradicionalmente a terceira data mais mais relevante para o comércio, o dia dos namorados sempre provoca um aumento na média dos preços de produtos e serviços mais escolhidos na hora de presentear o amor. O resultado aparece nos medidores da inflação do mês de junho, que também sugerem alguns produtos que tiveram preços menos atingidos apesar da expectativa de procura. Subindo ou caindo, o que não é nada ameno é o governo. Independentemente dos preços trabalhados no mercado, a fatia da carga tributária que incide sobre os presentes é implacável e vale para todos os tipos de românticos. Em boa parte dos produtos, mais da metade do preço trabalhado em prateleira é para pagar tributos e tudo cai no colo do consumidor.
O alerta é da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que encomendou levantamento para o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O resultado é que presentear o amor pode custar caro para os brasileiros neste ano pela carga tributária que incide sobre os produtos e refletem tanto no preço final da compra. A carga, inclusive, se torna ainda mais forte quando se considera o quadro de crise, desemprego e instabilidade econômica que atinge a população e derrubou a previsão de consumo.
Quem escolher por uma bebida especial para o dia, o champanhe tem o preço que 59,49% dele corresponde aos tributos. Se o presente for maquiagem, lembre que 51,41% do preço que você paga vai para os governos federal, estadual e/ou municipal. Nas joias, a conta é 50,44%. Para os “amantes à moda antiga”, as flores consomem 17,71% de impostos. Do preço final de um perfume importado, 79% são de tributos. Outras cargas tributárias que chamam a atenção são do telefone celular (38,9%) e dos óculos de sol (44,18%).
Vale lembrar que quem esperou o mês de junho para comprar o presente, por exemplo, vai encontrar preços de serviços e produtos para o dia dos namorados, em média, 4,78% mais alto que maio deste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da FGV (IBRE). O índice foi puxado pelos serviços, que ficaram bem acima da inflação, em 6,14%. Em compensação, os presentes aumentaram em média 2,56%, cerca de 1,5 ponto percentual abaixo da inflação do período.
Para o diretor regional do IBPT Alexandre Fiorot, os apaixonados precisam ser criativos na hora de presentear. “A voracidade do fisco é sem limite e os preços ficam pesados demais por conta da alta carga tributária. O peso esmagador dos tributos no Brasil se deve a uma legislação injusta, que privilegia a tributação sobre o consumo que impacta ricos e pobres da mesma forma (o valor dos tributos embutidos no preço de um produto é, em regra, o mesmo, independentemente da condição econômica do contribuinte consumidor)”, ressaltou.
“Se não tivesse toda essa carga, o consumidor teria um alívio, ainda mais em período de crise, em que os produtos sofrem efeitos da inflação e do câmbio”, diz Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), que encomendou o estudo.
Veja quanto do presente vai para o governo:
Produto Carga tributária
Bota 36,17%
Calça jeans 38,53%
Camisa 34,67%
Champanhe 59,49%
Flores 17,71%
Fondue de chocolate 38,51%
Fondue de queijo 36,54%
Hospedagem em hotel 29,56%
Jantar em restaurante 32,31%
Joias 50,44%
Livros 15,52%
Malha 34,13%
Maquiagem nacional 51,41%
Óculos de sol 44,18%
Pacote de viagem 29,56%
Perfume importado 78,99%
Porta-retrato 43,47%
Tablet 39,12%
Telefone celular 38,90%
Vinho 54,73%
Fonte: IBPT
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