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Segunda língua Uma pausa para os estudos Prática predominante entre os jovens, intercâmbio já atrai pessoas mais velhas

Por: Rochelli Dantas - Diario de Pernambuco

Publicado em: 07/05/2017 11:28 Atualizado em: 08/05/2017 14:56

Kamila Andrade Santos, 30 anos, decidiu pedir demissão do emprego e passar uma temporada de um ano no Canadá. Foto: Kamilla Santos/Cortesia (Foto: Kamilla Santos/Cortesia)
Kamila Andrade Santos, 30 anos, decidiu pedir demissão do emprego e passar uma temporada de um ano no Canadá. Foto: Kamilla Santos/Cortesia
Deixar para trás trabalho, família, rotina e morar um tempo fora do país. Essa tem sido a escolha de muitos brasileiros. No país, a prática do intercâmbio ainda é predominantemente dos jovens, mas tem crescido o número de executivos ou pessoas mais velhas que optam por essa temporada no exterior. Em algumas empresas que oferecem esse tipo de serviço, esse público já representa 40% da demanda total. Para uns, essa é a melhor forma de aprender a segunda língua. Para outros, é também uma forma de fugir dos problemas que o Brasil enfrenta. No momento de crise econômica, rescisões trabalhistas e FGTS somados à poupança estão sendo as cartas na manga.

Querendo viver algo novo, a engenheira mecânica Kamila Andrade Santos, 30 anos, fez justamente essa opção:  pediu demissão e decidiu morar um período fora do país. “Passei um tempo juntando dinheiro e acrescentei o valor da minha rescisão. Não tenho filhos, meus pais não dependem de mim, então, acredito que a hora é essa. Eu já falava inglês, mas não me sentia segura”, conta Kamila, que há pouco mais de um mês embarcou para uma temporada de um ano em Toronto, no Canadá.

A opção de Kamila foi por um intecâmbio mais longo, quando poderá passar meio expediente trabalhando e outro estudando. “Caso eu volte para o Brasil será muito importante porque, além da fluência na segunda língua, eu também terei a vivência em outro país”, pontua. Segundo a sócia diretora da S7 Study, empresa de intercâmbio, Silvana Mattoso, um dos nichos que mais tem crescido é o de homens e mulheres que já possuem carreira estruturada e resolvem dar uma pausa para aprimorar o inglês. Eles representam 40% dos negócios da empresa nesse setor. “O objetivo é dar uma carga maior na segunda língua até para galgar cargos melhores. Muitas pessoas, inclusive, saem dos trabalhos e, quando voltam, têm mais portas abertas”, diz.

De acordo com Silvana, para os que já possuem emprego, existem os cursos de quatro semanas, que são justamente os períodos de férias. “Agora, quem opta por abrir mão do trabalho, há a opção de, no mínimo, seis meses”, conta. Na S7 Study, para as temporadas mais longas, o Canadá é o mais procurado. Já para intercâmbio de curto prazo, Londres é a mais pedida. O curso de inglês com acomodação e duas refeições custa a partir de R$ 6 mil.

Para o CEO e sócio da Descubra o Mundo, Bruno Passarelli, a recessão econômica se tornou uma oportunidade para o processo de intercâmbio. “As pessoas querem se destacar e os que foram demitidos estão buscando o recomeço”, avalia.  Ele destaca que possui vários clientes que trabalham em multinacionais e optam por fazer intercâmbio de três a cinco semanas na área de negócios para melhorar a fluência no inglês e ter mais desenvoltura em reuniões e calls.

A escolha do destino varia justamente de acordo com o perfil. “Acima de 40 anos são pessoas com estabilidade financeira e que querem cidades mais desenvolvidas, como Nova York e Londres. Aqueles que acabaram de sair do emprego optam por algo que dê para conciliar trabalho e emprego, como a Irlanda, Nova Zelândia e Austrália”, detalha.

Conforme Passarelli, em média, uma temporada de 30 dias com acomodação individual em Toronto, Nova York ou Londres, por exemplo, custa entre R$ 6 mil e R$ 9 mil. “No caso dos jovens, uma opção que tem crescido muito é Malta, que possui um custo mais acessível. Hoje, um mês em Malta está saindo em média por R$ 4,2 mil”.  Um ponto que influencia quando o público é do Nordeste é o clima. “Há pessoas que querem um destino com inverno mais ameno. Independentemente do perfil, o clima influencia muito na escolha do destino.” Hoje, o público do Nordeste representa 20% do faturamento da empresa.

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