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Setor portuário 'Precisamos rever o modelo portuário', diz presidente da Fenop Segundo Sérgio Aquino, para que haja avanços, são necessárias mudanças na legislação e no formato de gestão

Por: Rochelli Dantas - Diario de Pernambuco

Publicado em: 24/05/2017 16:48 Atualizado em: 24/05/2017 19:10

Falta de profissionalização, gestão ineficiente e falta de uma organização independente. Estes são alguns dos principais problemas enfrentados pelos portos brasileiros na visão do presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop), Sérgio Aquino. Para que haja avanços, são necessários, segundo ele, mudança na legislação e no formato de gestão dos empreendimentos instalados em todo o país.

“Precisamos rever o modelo portuário. A estrutura não atende a demanda. A lei nao precisava ser mudada. Podia ter tido apenas alguns pontos alterados. Agora, temos uma legislação desnecessária e esquizofrênica”, afirmou durante passagem pela capital pernambucana. Aquino se refere a chamada lei dos Portos, em vigor desde 2013 e que, entre outros pontos, centralizou nos órgãos federais a realização e gerenciamento de processos licitatórios dos portos brasileiros. Com isso, nenhum projeto em tramitação avançou. “As dragagens são os maiores exemplos de projetos sem avanço. No Porto do Recife, por exemplo, a dragagem está travada h´pa anos. A dragagem é o oxigênio de um porto. Sem ela, não há acessibilidade e o porto fica ineficaz ou com uma tarifa muito alta”, ressaltou.

Segundo Aquino, no mundo, há modelos adotados em que a realização da dragagem é discutida junto com o parceiro privado. “Se a dragagem for realizada e não atender a demanda do privado, a empresa pode realizar o ajuste e abater do contrato de arrendamento. Outra opção é o arrendatário e a concessionária realizarem a dragagem e o investimento ser abatido do valor do arrendamento”, pontuou. Para o presidente da Federação, entre outros pontos, é preciso descentralizar o sistema portuário por meio da adoção de um modelo de administração local e também recuperar o poder deliberativo dos Conselhos de Autoridade Portuária (CAP), que foi transformado em comitê consultivo. “Os portos de todo o mundo são geridos e administrados localmente por municípios e estados. É o modelo mundial. No Brasil é diferente e tudo acontece por indicação político-partidária”, criticou.

De acordo com o presidente, um dos grandes pilares do sistema portuário de outros países é a adoção de um forte programa de treinamento do setor portuário que busca uma melhor qualificação não só dos trabalhadores operacionais, mas também dos trabalhadores de administração do porto. “Para isso, seria preciso uma reestruturação do Sistema S portuário. Hoje as empresas arrecadam 2,5% para o sistema, que hoje é gerido pela Marinha. Por se tratar de gestão pública, esses valores ficam contingenciados, limitando os investimentos, que deveriam ser realizados na ”, explicou.

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