Mercado Shoppings se transformam em espaços muito além das compras Vice-presidente de operações do Iguatemi acredita que os clientes hoje são atraídos pelas experiências que os malls proporcionam

Publicado em: 29/05/2017 17:42 Atualizado em: 29/05/2017 17:47

O mercado de shoppings no Brasil continua a dar sinais de recuperação. Após um crescimento tímido de 4% em 2016, segundo dados divulgados na última semana pela Associação Brasileira de Shoppings (Abrasce), as vendas no dia das mães cresceu 6% em relação ao ano passado nos centros de compras de todo o país. A Iguatemi Empresa de Shopping Centers S.A., uma das maiores empresas no setor, que detém participação em 17 centros de compras, revela um crescimento no primeiro trimestre de R$ 50,6 milhões, montante 30,8% acima do registrado do ano passado. E há espaço para novos empreendimentos. Em uma rápida comparação, os Estados Unidos têm mais de 37 mil shoppings, enquanto que, no Brasil, há menos de 600. Para disputar o consumidor, contudo, há, atuamente, cinco tendências: outlets, complexos multifuncionais, eventos culturais, marcas de luxo e sustentabilidade.

É o que explica o especialista e vice-presidente de operações do grupo Iguatemi, Charles Krell, que visitou o Recife na última sexta-feira. “Agora, os consumidores não buscam apenas produtos nos shoppings, eles querem experiências”, afirma. Com base nisso, ele detalha a lógica das tendências. “O outlet permite que a classe C entre no mercado de marcas importadas ou premium de uma forma muito mais barata, então é um modelo interessante, mas fora das capitais. Ele é ideal para os arredores das cidades ou locais turísticos”, reforça. Justamente por causa disso, o Iguatemi lançou, em 2013, o Fashion Outlet Nova Hamburgo, no Rio Grande do Sul. A estratégia deu tão certo que mais duas unidades serão inauguradas em Tijucas, em Santa Catarina e Nova Lima em Minas Gerais.

Na questão da multifuncionalidade, que abrange pavimentos para escritórios dentro dos shoppings, torres empresariais e hotéis no mesmo terreno dos malls, serviços de saúde com consultas e exames, faculdades, academias e outros serviços para os consumidores, a tendência, para Krell, já está bem consolidada. “Quem não quer resolver tudo num só lugar”, questiona. Em Pernambuco, inclusive, estamos bem avançados neste ponto pois por aqui já temos faculdades, consultórios, academias, torres empresariais e até coworking dentro dos centros de compras locais. Outro ponto com grande adesão dos shoppings pernambucanos e que é irreversível na visão de Charles Krell são os eventos culturais e de lazer, de preferência, aquelas que conseguem atrair crianças. “O shopping deve ser também um centro cultural e isso abrange desfiles, peças, musicais, tudo o que for consoante ao público e que puder agradá-lo.”

E, para quem pensa que o momento não é ideal para investir em marcas de luxo, Krell prova justamente o contrário. Para ele, a crise força os brasileiros a consumirem aqui. “As marcas internacionais em shoppings nacionais atraem pelo imediatismo da compra, pela possibilidade de parcelamento e pela economia com a viagem mesmo”, completa. Como apostas, o shopping Iguatemi, primeiro mall da América Latina, já trouxe este ano lojas da Pandora, Valentino, Fendi e Hermès (será inaugurada no próximo dia 3). Em Pernambuco, é possível encontrar essas marcas em praticamente todos os shoppings do estado. E elas continuam chegando. Na última sexta-feira, por exemplo, a primeira unidade da Sephora do estado foi aberta no RioMar.

Por fim, mas não menos importante, a sustentabilidade que, em tempos de crise deve ser encarada como sinônimo da busca por uma maior eficiência da gestão dos shoppings. “É primordial gastar menos energia com sensores inteligentes e sistemas de automação, como escadas rolantes que rolam mais devagar quando não têm ninguém nelas, reuso e economia de água e reciclagem do lixo produzido”, enumera o vice-presidente do grupo Iguatemi. Isso gera uma diminuição nas contas de mais de 30%, o que também torna os custos das operações mais atraentes para os lojistas. “Não é marketing, é gastar menos mesmo.” Outra tendência que está se consolidando por aqui também, com shoppings como o Camará, que antes mesmo de abrir as portas, já ganhou cinco prêmios nacionais no tema.

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