Observatório econômico A lenta recuperação do mercado de trabalho brasileiro

Publicado em: 09/04/2017 08:00 Atualizado em: 06/04/2017 20:41

Por Paulo Aguiar do Monte (*)

Paulo Aguiar do Monte é professor de Economia da Universidade Federal da Paraíba. Foto: Arquivo pessoal
Paulo Aguiar do Monte é professor de Economia da Universidade Federal da Paraíba. Foto: Arquivo pessoal
O mercado de trabalho é um bom indicador do cenário econômico do país. Entre notícias otimistas e pessimistas, a recente declaração de que “o Brasil volta  a crescer e está fazendo isso de forma robusta” ainda não teve o reflexo esperado pelo Governo no mercado de trabalho.


A declaração foi feita há duas semanas pelo Ministro da Fazenda após o Ministério do Trabalho divulgar novos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) para o mercado de trabalho formal. Os números mostraram que, em fevereiro de 2017, após 22 meses ininterruptos (desde de março de 2014), o volume de admissões finalmente voltou a ser superior ao volume de demissões, gerando um saldo líquido de 35.612 postos de trabalho formais no país, puxado principalmente pelas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Sem dúvida, uma boa notícia que pode estar indicando a recuperação da atividade econômica.

Em termos regionais, contudo, as regiões Norte e Nordeste apresentaram um comportamento contrário ao das demais regiões brasileiras, com o saldo (negativo) de -37.008 e -2.730 vínculos formais de trabalho, respectivamente. Em relação ao Nordeste, o setor industrial (alimentos e bebidas) se destacou como sendo o grande vilão, responsável por 55% das demissões (cerca de 20.565) no período. Somente em Pernambuco e Alagoas, o saldo foi de -16.342 e -11.403 vínculos de trabalho, respectivamente. O baixo dinamismo regional, principalmente nestes dois estados cujo saldo de movimentação piorou em relação ao mesmo período anterior, não foi capaz de superar os efeitos da sazonalidade da agricultura da cana de açúcar.

Por fim, na semana passada, o IBGE, através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), anunciou que a taxa de desocupação ficou em 13,2% no trimestre encerrado em fevereiro de 2017 (contra 10,2% no mesmo período de 2016), representando um recorde negativo histórico da série (13,5 milhões de pessoas desempregadas). Somente nos últimos doze meses, mais de 3 milhões de desempregos foram gerados no país; número esse que só não foi maior porque muitas pessoas migraram para a inatividade no período – reduzindo, assim, o volume de desempregados.
Enfim, entre notícias boas e ruins, o mercado de trabalho oscila frente a austeridade fiscal, na expectativa do crescimento robusto.

(*) Paulo Aguiar do Monte é Professor da UFPB.

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