Economia                    
                
            
            
                
            
                                Marcelo Eduardo Alves da Silva é professor de Economia da UFPE. Foto: Paulo Paiva/DP/
A redução da Selic para 12,25% a.a. é apenas o início de um ciclo de flexibilização da política monetária. Se o processo de implementação de reformas estruturais continuar, poderemos retomar uma trajetória de crescimento sustentável de longo prazo.O Banco Central (BC) divulgou na última semana as notas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu pela redução da taxa básica de juros (Selic) de 13% a.a. para 12,25% a.a. Dentre as justificativas, o movimento de desinflação dos preços e a ainda fraca recuperação da economia foram os principais pontos. Some-se a isto o fato de que as expectativas de inflação se mostram ancoradas em torno do centro da meta de 4,5% tanto para 2017 quanto para 2018. Em particular, as expectativas de inflação coletadas pelo BC estão a quatro semanas em queda e os últimos números indicam inflação abaixo de 4,1% para 2017.
Diante deste cenário de baixa inflação, recuperação ainda lenta da economia e de expectativas ancoradas, o Copom deve continuar o ciclo de flexibilização da política monetária e a Selic deve fechar o ano entre 9,0 e 9,5% a.a. Ao contrário do que muitos acreditam, os efeitos da política monetária não são sentidos de forma imediata pela economia, seus efeitos são tipicamente defasados. Portanto, ao aprofundar a redução dos juros, o BC mira não somente 2017, mas 2018 e 2019.
No radar do BC estão não apenas as questões conjunturais, mas também as reformas estruturais, em particular, a reforma da previdência. Se aprovada, a reforma ajudará em futuras reduções dos juros, uma vez que atenuará a pressão sobre a dívida pública. A minha leitura é que “a casa começa a ficar arrumada” novamente, após anos de irresponsabilidade na condução das políticas monetária e fiscal, que nos levaram a repetir “experimentalismos heterodoxos” com suas intervenções setoriais, controle de preços e contabilidade criativa, que nos legaram a maior recessão de todos os tempos.
Oxalá o remédio amargo da recessão nos ajude a expurgar de uma vez por todas os arautos da heterodoxia econômica no país, muito embora esses “mortos-vivos” ainda insistem em nos assombrar. Não há milagres em economia, se quisermos retomar o crescimento, a melhoria no ambiente macroeconômico, com inflação e lado fiscal sob controle, é uma pré-condição necessária. E, ao contrário do que tem sido sugerido, o “feijão com arroz” na política monetária funciona adequadamente. A queda das expectativas e da própria inflação mostram que o aperto monetário do ano passado deram resultado. Com a “casa arrumada”, abre-se espaço para maiores reduções no juros e para a retomada do crescimento.
(*) Professor de Economia da UFPE.
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