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Observatório econômico E depois do Carnaval?

Publicado em: 26/02/2017 08:00 Atualizado em: 23/02/2017 19:56

Por André Magalhães (*)

André Matos Magalhães é professor do Departamento de Economia da UFPE. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
André Matos Magalhães é professor do Departamento de Economia da UFPE. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
É Carnaval! Fantástico. Em Pernambuco isso é coisa séria. Aqui isso é muito mais do que quatro dias de brincadeira. Quatro dias não, porque já tem gente curtido desde o início de janeiro. E vai ter festa na semana que vem. A hora é realmente para aproveitar, brincar e curtir tudo com muita paz. Com ou sem dinheiro, é a festa!


A festa poderia estar melhor? Claro que sim. Os dois últimos anos foram difíceis para a economia do País. Tivemos retração forte na economia, inflação em alta, desemprego nas alturas, etc. 2017 continua difícil, mas já podemos ver sinais de melhoras. A inflação já sob controle, os juros começam a cair e a economia nacional ensaia um início de recuperação. Já começarmos a olhar para o futuro próximo com esperança! Esse é o cenário nacional. Aqui a motivos para começar a pensar de forma positiva. Mas nem tudo é festa. Infelizmente!

A vida dos estados e municípios não está nada boa. Enquanto o Governo Federal avança com cortes de gastos e tentativas reformas diversas áreas os governos locais continuam afundados em problemas sérios. Grande parte dos estados e municípios já tem, ou terão em breve, problemas com a Lei de Responsabilidade Fiscal por já estarem gastando mais do que o limite que a lei permite.

Com arrecadação em queda e gastos engessados, estados e municípios estão sendo sufocados pelos gastos com a folha de pessoal. Os casos mais graves são o do Rio de Janeiro e o do Rio Grande do Sul. Esses estados estão falidos. Quebraram! Há outros no mesmo caminho. É difícil saber quais são os em piores situações devido à criatividade feita na contabilidade dos estados, mas o problema não pode ficar escondido por muito tempo. Uma hora o dinheiro efetivamente acaba.

Alguns estados têm deixado de pagar fornecedores. Pagam a folha. Como o funcionalismo não reclama, o problema não aparece. Eventualmente os fornecedores começam a parar de entregar os produtos e serviços e as coisas param.

Até recentemente os gestores pareciam ter esperança de receber uma ajuda especial do Governo Federal (dinheiro sem contrapartidas). Ficou claro que isso não vem.
Sem capacidade para tomar emprestado, o que é algo positivo, dado o passado recente do país, os Estados (e munícipios), vão precisar enfrentar o problema de frente. Isso significa, em outras, palavras, cortar gastos (cortar mais ainda em alguns casos), priorizar ações e tentar fornecer os serviços básicos a população. Equação difícil de resolver. Mais difícil ainda porquê diversas categorias de servidores públicos brigam fortemente por aumentos reais de salários.

O ponto mais importante a notar talvez seja o fato de que se os estados e municípios não resolverem os seus problemas vai ficar mais difícil sair crise. Cada um tem que fazer a sua parte. Bem, esse é um problema real, mas é um problema para depois do Carnaval. Hoje a ordem é brincar!

(*) André Matos Magalhães é professor do Departamento de Economia da UFPE.

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