Deu certo Usuários do aplicativo Uber já chegam a 8,7 milhões no Brasil Não faltam clientes na plataforma de transporte, que se tornou opção de carreira em meio à recessão. Há motoristas com rendimento de R$ 6 mil/mensais

Por: Ana Paula Lisboa - Correio Braziliense

Publicado em: 05/02/2017 12:05 Atualizado em: 05/02/2017 12:45

Para que valha a pena investir horas no sistema, é preciso comprometimento e organização, pondera Norberto Chadad, CEO da Thomas Case & Associados  (Paulo Paiva/DP)
Para que valha a pena investir horas no sistema, é preciso comprometimento e organização, pondera Norberto Chadad, CEO da Thomas Case & Associados

Apesar de não haver vínculo trabalhista entre a Uber e condutores que operam a partir do aplicativo — por meio do qual é possível contratar corridas em veículos particulares —, a plataforma se tornou, sim, uma opção de carreira. Entre os mais de 50 mil motoristas cadastrados no Brasil, é possível encontrar uma boa parcela que usa a ferramenta como caminho para driblar o desemprego. Afinal, num país com 12 milhões de desempregados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), opções alternativas de trabalho se tornaram cruciais. Para outros, as caronas pagas são uma fonte de renda extra. Há ainda os que veem no app uma carreira permanente. O que impulsiona todos esses interesses é o fato de que não faltam passageiros: entre fevereiro de 2016 e janeiro de 2017, o número de usuários ativos no país passou de 1 milhão para 8,7 milhões.

Globalmente, são 50 milhões. Para que valha a pena investir horas no sistema, é preciso comprometimento e organização, como pondera Norberto Chadad, CEO do grupo econômico Thomas Case & Associados e da consultoria de gestão de pessoas Fit RH Consulting. A Uber não informa uma média de valores ganhos por motoristas. Os rendimentos variam muito, mas é possível encontrar no mercado pessoas ganhando até mais de R$ 6 mil por mês.

Claudia Bittencourt, fundadora e diretora do Grupo Bittencourt, ressalta que uma grande diferença entre ser motorista da Uber e atuar em formas tradicionais de transporte de passageiros é a ausência de vínculo trabalhista. “Não é um emprego, não existe uma relação de empregado e patrão. É como se tornar dono de um negócio próprio, em que você é o administrador e decide seus horários”, esclarece a administradora especializada em estratégia competitiva e marketing. Antes de aderir ao sistema, é preciso definir claramente o objetivo com a atividade. Claudia observa que, para profissionais com formação de nível superior, a Uber é um paliativo. “A não ser que a pessoa se identifique muito com aquilo e queira continuar, será a última opção para manter a subsistência enquanto não encontra outras oportunidades”, diz.


Norberto Chadad, economista, engenheiro metalurgista e mestre em alumínio, concorda. “Não que atuar nessa área seja depreciativo, mas quem está só driblando o desemprego não deve encarar o serviço como algo permanente e deve continuar buscando outras colocações”, aconselha. “Até mesmo o ambiente do carro pode ser uma porta de entrada. Eu soube de casos de pessoas que acharam emprego num bate-papo com o passageiro”, completa o CEO. “Acredito que o melhor perfil para aderir à Uber de forma duradoura seria formado por profissionais com ensino médio e que gostam de dirigir”, acrescenta.

Trabalhadores das mais diversas áreas podem encarar o aplicativo como fonte de renda extra. Em qualquer um dos casos, Norberto Chadad avalia que é preciso seguir alguns passos para atender bem. “Boa educação, saber falar e se apresentar bem é primordial. O código de vestimenta ideal envolve cabelo penteado, barba feita, camisa, calça social e sapato fechado. E nada de camisa para fora da calça, punho dobrado ou calçado sem meia para não passar ar de desleixo”, alerta Chadad. O zelo com o carro também se faz necessário. “É preciso que seja um veículo limpo, cheiroso, apresentável, sem tranqueira”, observa.

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