gastos Inflação pesa no bolso do recifense Desaceleração dos preços registrados no país chega em ritmo mais lento na capital pernambucana

Por: André Clemente - Diario de Pernambuco

Publicado em: 10/12/2016 09:10 Atualizado em: 10/12/2016 10:46

Os preços deram um sinal ao brasileiro em novembro: o ritmo de alta desacelerou e está chegando nas prateleiras. O Recife, assim como a maioria das capitais do Nordeste, já segue o caminho, mas demora mais a responder. Para se ter ideia, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medidor oficial da inflação no país, marcou aumento de 0,18% no Brasil, o menor apresentado no penúltimo mês do ano desde 1998. No Recife, apesar de queda dos alimentos que mais subiram neste ano, a alta foi de 0,60%, a maior de todas as capitais do Brasil. Para o futuro, previsões são um tiro no escuro.

No Recife, o setor de alimentos e bebidas apresentou alta de 0,48%, ainda que o tomate e o feijão (vilões da inflação, principalmente no primeiro semestre) tenham caído respectivamente -15,87% e -13,06% em novembro. A alta é justificada porque alguns produtos subiram de preço muito agressivamente, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O inhame, por exemplo, apresentou alta de 22,09% e a carne subiu 2,15%. O impacto é alto porque o setor de alimentos tem o maior peso dos custos, representando quase 30% das despesas dos consumidores na Região Metropolitana do Recife.

Outro componente setorial de elevação de preços foi a passagem aérea, que subiu 8,53% e colaborou essencialmente para a alta do setor de habitação (0,48%). Aluguel (0,52%) e condomínio (1%) engordaram a conta. No acumulado do ano, que vale de janeiro a novembro, em âmbito geral, a inflação do Recife foi de 6,64%. Nos últimos 12 meses, 7,70%. 

O economista e professor da Faculdade dos Guararapes (FG) Roberto Ferreira explica que o medidor da inflação é uma média e que pode não revelar os impactos de queda de alguns preços. “No Brasil, pela corrida que estávamos, uma alta de 0,18% é baixa. Um quilo do tomate estava sendo vendido por R$ 7 e agora custa R$ 2. Quando você vê na prateleira essa queda e os índices ainda sobem, a explicação é estarmos vivendo uma recessão muito forte e que deveria baixar alguns preços. Quando se fala do Nordeste, tem outros agravantes como os custos de transportes e a seca, por exemplo, que insistem em manter preços ou demora a responder a estímulos de baixa. Por isso o Recife tem fechado em altas acima do percentual nacional”, pontua.

Ainda segundo o professor, fazer qualquer previsão do índice para 2017 é arriscar um chute. “Tanto a economia como a política são determinantes para o comportamento dos preços e esses dois pontos andam muito conturbados. É um problema interno. De ordem externa, há a precaução com a eleição de Trump na presidência dos Estados Unidos, que pode adotar políticas que podem prejudicar as exportações brasileiras. E isso também tem reflexo nos preços”, ressalta.


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